Sob o lema “Valorizar a Medicina Interna”, o 27 º Congresso Nacional de Medicina Interna, dirigido a médicos internistas, iniciou-se este sábado, dia 2 de outubro, com palavras elogiosas do Presidente da República Marcelo Rebelo de Sousa.
“Quero deixar uma palavra de gratidão hoje, ou, se quiserem, no passado recente pelo presente. Muitas vezes ao falar da gratidão devida aos profissionais de saúde durante a pandemia eu citava sobretudo epidemiologistas e sanitaristas, até que alguém me chamou à atenção, e bem, para o papel cimeiro dos internistas. Os internistas estiveram a garantir que as estruturas de saúde não colapsassem e reagissem de uma forma extraordinária, tal como reagiram dia após dia, semana após semana, mês após mês, e já lá vai mais de um ano e meio. Esta gratidão não prescreve, está no coração dos portugueses”, destacou o chefe de Estado.
“Finalmente, uma palavra de futuro, que será diferente do presente. Falo daquilo que é a vossa missão domiciliária. Desempenhando o mesmo serviço comunitário, mas fora das unidades das estruturas de saude, embora em ligação permanente com elas, vai ser um desafio de grande envergadura. Que este congresso seja o sucesso que é sempre!”, disse ainda Marcelo Rebelo de Sousa, em mensagem vídeo. “e que marque a transição da pandemia para a endemia, ou seja, do passado recente e presente, para o futuro”.
Presente na sala em representação da Ministra da Saúde, Marta Temido, o Secretário de Estado Adjunto e da Saúde António Lacerda Sales teceu, também, largos elogios aos médicos internistas sublinhando o papel determinante que tiveram no combate à pandemia COVID-19.
“Quero saudar publicamente todos os internistas pela sua dedicação e empenho e esforço incansável diariamente. E o esforço que foram obrigados para adaptar os serviços de medicina interna e adotar novos procedimentos de higiene e segurança, equilibrar o que era a prestação aos doentes de Covid-19, com os doentes não-Covid. Obrigado a todos e todas os profissionais aqui presentes. É para mim um orgulho ser um de vós!”, declarou.
“Foram meses muito difíceis, muito desafiantes eu diria talvez os mais desafiantes do serviço nacional de saúde e os meses do sistema nacional de saúde, que viu ser posta à prova a capacidade de reagir em adversidade extrema”, considerou ainda o governante sublinhando que a Medicina Interna é uma especialidade basilar da atividade hospitalar”.
Presidente do 27º congresso, Alexandra Bayão Horta, que presidiu a sessão de abertura, transmitindo uma mensagem de confiança aos médicos internistas.
“Somos a especialidade plástica que se adapta a todos os cenários, sempre que há um doente”, disse referindo que o congresso conta “este ano com 2000 participantes e mais de 3000 trabalhos submetidos”.
Alexandra Bayão Horta agradeceu a confiança da SPMI em aceitar, pela primeira vez, que uma entidade de saúde privada, Hospital da Luz de Lisboa, fosse responsável pela organização do congresso. “Esta foi uma escolha que aconteceu antes da pandemia”, sublinhou.
“Conto com todos vós, e cada um, para valorizar a Medicina Interna”, afirmou num tom entusiasmante.
Naquele que foi o seu último ato oficial como Presidente da SPMI João Araújo Correia destacou a atuação exemplar e o papel da Medicina Interna “como Especialidade Médica Basilar do Sistema de Saúde no Hospital”.
“Para além de contarmos com mais de 6000 camas nos serviços de MI dos Hospitais Públicos e Privados, a ação da MI vai muito além delas, assumindo um papel essencial no Serviço de Urgência, nas Unidades de Cuidados Intermédios e Intensivos, na Hospitalização Domiciliária, na Medicina Per Operatória, na Medicina Obstétrica, nas Unidades de Doentes Crónicos Complexos e nas Equipas de Cuidados Paliativos”, enfatizou.
Numa altura em que Portugal e tantos outros países estrangeiros, continuam a defrontar a atual crise pandémica Covid-19, João Araújo Correia destacou a capacidade de atuação dos médicos internistas nacionais em resposta à crise de saúde pública.
“Se alguém duvidava da importância dos Internistas nos Hospitais, com certeza dissipou-as com a pandemia COVID-19. Nas enfermarias e nos Serviços de Urgência, a Medicina Interna tratou com competência os doentes COVID e não COVID, num extraordinário exercício de superação, que ultrapassou todas as expectativas!”, disse, para sublinhar que “o público em geral, aprendeu com a infeção COVID, que hoje os doentes com uma só doença são uma quimera! Para além da infeção COVID-19, o doente tinha insuficiência cardíaca, Doença Respiratória Crónica, Trombose Cerebral, ou doutros órgãos ou Doença Autoimune. Tudo em mosaicos fisiopatológicos novos, que tiveram que ser entendidos em tempo recorde. A maior parte das enfermarias Covid-19 foram geridas apenas por Internistas e noutras houve colaboração preciosa de outras especialidades médicas, sempre com a presença essencial e agregadora da MI”.
Naquela que foi a primeira vez que um hospital privado assegurou a organização do congresso da SPMI, o médico internista justificou o passado dado.
“A SPMI quis dar um sinal claro de que há MI de qualidade nos Hospitais Privados e que até é neles que a MI tem vindo a assumir um papel estruturante dos cuidados prestados nomeadamente na Medicina Per Operatória, nos Cuidados Paliativos, e até já com passos bem seguros na hospitalização domiciliária”.
Durante a sua comunicação, João Araújo Correia fez questão de destacar algumas das principais conquistas da sociedade científica, nos últimos três anos, nomeadamente o estreitar de relações conseguido entre a MI e a MGF.
“O incremento das relações com a MGF, que incluiu muitas reuniões bilateriais, e duas históricas conjuntas na Secretaria de Estado da Saúde, para além da assinatura de dois documentos de consenso “Gestão do Doente Agudo em Portugal” e “Tratamento Integrado do Doente Crónico”, disse.
Pedro Guimarães Cunha, Presidente da Direção do Colégio Prof. Doutor Pedro Guimarães Cunha enalteceu a capacidade de trabalho, e espírito de entrega dos médicos de medicina interna no período de pandemia mas não só.
“No início de fevereiro deste ano o nosso país registava um valor máximo de 900 pacientes em cuidados intensivos, e os outros, cerca de 6000, internados em enfermarias são uma real imagem do contributo conjunto da medicina interna para a gestão da crise pandémica. Este contributo é acrescido dos milhões de horas de trabalho passados nos serviços de urgência chefiando unidades Covid-19 e não Covid em como em dezenas de consultas hospitalares entretanto estruturadas pelo país, que asseguram desde o início a continuidade de cuidados aqueles que foram afetados por esta pandemia”, frisou o responsável.
A organização do Congresso, refira-se, está ainda a cargo de Luís Duarte Costa, diretor do Serviço de Urgência de Adultos, assumindo funções de secretário-geral e de João Sá, internista, responsável pela comissão científica, que recebeu, em 2019, o Prémio Nacional de Medicina Interna.
(02/10/2021)