X Congresso Nacional de Autoimunidade promove avanços no diagnóstico e tratamento de doenças autoimunes

Entre os dias 27 e 29 de junho, o Centro Cultural de Belém acolheu o X Congresso Nacional de Autoimunidade, um evento que reuniu especialistas e investigadores para discutir os mais recentes desenvolvimentos no diagnóstico e tratamento das doenças autoimunes. O balanço do evento, feito por José Delgado Alves, coordenador do Núcleo de Estudos de Doenças Autoimunes (NEDAI) da Sociedade Portuguesa de Medicina Interna (SPMI), foi extremamente positivo.

“O principal objetivo era divulgar os novos desenvolvimentos no diagnóstico e tratamento das doenças autoimunes e promover a colaboração entre os vários investigadores e clínicos que se dedicam a estas doenças. Acredito que conseguimos alcançar esses objetivos através da qualidade e atualidade das apresentações, pelos elevados níveis de presenças face à assistência esperada e pelo interesse com que se debateu e se planearam projetos colaborativos futuros”, afirmou José Delgado Alves.

Os temas mais discutidos no congresso incluíram síndromes autoinflamatórios, vasculites sistémicas, lúpus eritematoso sistémico e miopatias inflamatórias. “Estas áreas foram escolhidas porque, embora menos faladas, o seu conhecimento fisiopatológico e as opções terapêuticas têm recebido um impulso extraordinário nos últimos anos”, explicou o especialista.

Nos últimos anos, o conhecimento e o tratamento das doenças autoimunes têm evoluído significativamente. Surgiram várias opções terapêuticas e a compreensão dos mecanismos destas doenças melhorou, permitindo abordagens mais direcionadas para cada doente. Contudo, José Delgado Alves destacou que “existem muitos objetivos terapêuticos que ainda não foram conquistados, particularmente nas doenças com mecanismos mais heterogéneos e complexos, e esse será o maior desafio no futuro”.

Um dos pontos altos do congresso foi a entrega de prémios e bolsas que representam o maior investimento em investigação em Portugal realizado por um grupo de estudos. Ana Mafalda Abrantes recebeu a Bolsa de Estudos Clínicos pelo trabalho “The role of antibodies to apolipoprotein A1 as predictors of cardiovascular events in autoimmune Disease”, realizado no UDIMS / Hospital Fernando Fonseca. A Bolsa de Investigação Básica foi atribuída a João Carlos Serôdio pelo trabalho “Glycosylation of anti-myeloperoxidase antibodies as a potential early predictor of ANCA associated vasculitis”, também no UDIMS / Hospital Fernando Fonseca. O Prémio NEDAI em Autoimunidade 2024 foi entregue a Marta Amaral pelo trabalho “Vascular memory as a predictive factor for endothelium function-associated conditions. Comparative study of 3 clinical models – Raynaud’s disease, systemic sclerosis and diabetes mellitus”, realizado no UDIMS / Hospital Fernando Fonseca.

Para o futuro, as expectativas são desafiantes. “Compreender que estas doenças podem ser heterogéneas nas suas origens e mecanismos irá inevitavelmente condicionar os tratamentos, que deverão ser individualizados para cada doente e não de acordo com linhas de orientação que pretendem apenas cobrir ‘a média dos doentes’. A colaboração entre estruturas médicas e centros de investigação é crucial para a difusão do conhecimento e para acelerar o acesso dos doentes às melhores soluções,” enfatizou José Delgado Alves. “O contacto direto entre todos os intervenientes, facilitado por eventos como este congresso, é fundamental.”

O X Congresso Autoimunidade demonstrou ser uma plataforma vital para o avanço no tratamento das doenças autoimunes, refletindo um compromisso contínuo com a inovação e a colaboração científica.

(04/07/2024)