Vacinação é proteção!
Artigo de Paulo Sousa Almeida, no âmbito do Dia Internacional do Idoso – 01 de outubro de 2020
O Núcleo de Estudos de Geriatria da Sociedade Portuguesa de Medicina Interna (NEGERMI) está a realizar uma campanha de promoção e incentivo da vacinação na população idosa. Ao celebrar o Dia Internacional do Idoso e o Dia Internacional da Vacinação, ambos durante o mês de outubro, o GERMI pretende divulgar as características fundamentais das vacinas como a imunogenicidade, a segurança, a eficácia e a eficiência, promovendo, assim, os melhores cuidados de saúde aos idosos.
A vacinação é uma das estratégias mais importantes na prevenção primária das doenças infeciosas, constituindo atualmente uma prioridade crescente da saúde pública. Apesar do reconhecimento da comunidade científica da importância da vacinação, uma parte importante dos idosos ainda não está adequadamente imunizada de acordo com as recomendações atuais, obtendo-se uma baixa taxa de cobertura vacinal neste grupo etário. Para isso contribuem diversos aspetos como a escassez de programas massivos de vacinação dos idosos, ao contrário do que acontece com o escalão infantil, o alastramento da desinformação relativa à vacinação e o desconhecimento de processos próprios do envelhecimento, como seja a imuno-senescência.
O envelhecimento do sistema imunitário e a subsequente diminuição progressiva da sua funcionalidade, a que se denomina imuno-senescência, relaciona-se com a atenuação do estímulo imunológico das vacinas e, por conseguinte, com a diminuição da sua eficácia nos idosos. A resposta vacinal poderá, ainda, variar entre os diversos indivíduos de acordo com a sua heterogeneidade, comorbilidades e medicação habitual, para além do tipo de vacina e via de administração. Apesar disso, as vacinas atualmente disponíveis têm um potencial suficiente para diminuir as doenças infeciosas nas idades mais avançadas.
A diminuição na resposta imune relacionada com a imuno-senescência e os múltiplos problemas clínicos dos idosos contribuem para o aumento da fragilidade e explicam a sua maior suscetibilidade às infeções. Em consequência, a elevada frequência e gravidade das doenças infeciosas relaciona-se com o aumento da utilização dos serviços de saúde e poderá comprometer o envelhecimento saudável e a qualidade e a esperança de vida, representando uma significativa causa de morbilidade e mortalidade nestes indivíduos. A descompensação das comorbilidades pré-existentes e a frequente necessidade de internamento hospitalar associam-se à deterioração da capacidade funcional e subsequente fragilidade, diminuição da qualidade de vida e risco de institucionalização.
Tendo em consideração a eficácia da vacinação, a vulnerabilidade elevada dos idosos a infeções preveníveis pela vacinação e os riscos graves e potencialmente fatais das infeções nestes doentes, o NEGERMI aconselha a vacinação atempada dos idosos de acordo com as recomendações atuais. O contacto com os serviços de saúde tanto primários como hospitalares representa uma oportunidade privilegiada para o aconselhamento e esclarecimento individual de indicações, contraindicações e efeitos adversos a fim de uma prescrição racional e adaptada a cada indivíduo. A integração da vacinação do idoso na prática clínica diária contribuirá não só para o aumento da cobertura vacinal, como também para a diminuição da prevalência de doenças infeciosas e da sobrecarga assistencial e económica do Serviço Nacional de Saúde.
Em conclusão, a “vacinação é proteção” e representa uma estratégia eficaz para proteger e defender os idosos de patologias infeciosas graves cuja prevalência ainda é significativa.
Artigo de Opinião de Paulo Sousa Almeida, do Núcleo de Estudos de Geriatria da Sociedade Portuguesa de Medicina Interna
(01/10/20)