SPMI quer impulsionar projetos na área de ensino e investigação
Pelo segundo ano, a Sociedade Portuguesa de Medicina Interna (SPMI) promoveu uma reunião para debater “O papel da Medicina Interna no Ensino e Investigação”, numa tentativa de estimular todos os intervenientes a projetar a importância da especialidade com a promoção de novas ideias e projetos.
João Araújo Correia, presidente da SPMI, destacou a importância de reunir os internistas representantes das Academias para delinear estratégias de ação, mas frisou que “esta é a fase de concretizar porque o diagnóstico está feito, sendo fundamental aumentar a presença da Medicina Interna nas Universidades”.
“Queremos afirmar cada vez mais o papel da Medicina Interna na Universidade, mas não é tarefa fácil. Estamos cada vez mais a perder terreno para algumas subespecialidades, que é algo com que não estamos de acordo. Não podemos encarar como normal que as cadeiras de Semiologia ou de Clínica Médica tenham como regente alguém oriundo de uma subespecialidade, embora na prática o ensino continue a depender dos internistas.”
Outro aspeto focado pelo presidente da SPMI foi a necessidade de os doutorados e doutorandos se envolverem mais nas atividades dos Núcleos de Estudo.
“Os Núcleos de Estudo foram criados com o propósito da afirmação científica de áreas de interesse, e isso não pode ser feito sem líderes de investigação reconhecidos. Por isso, gostava que tivessem lá um papel ativo na dinamização dos Núcleos de Estudo”, pediu aos especialistas presentes.
“Só conseguimos levar a água ao nosso moinho se concretizarmos e divulgarmos o que fazemos”, afirmou o internista, avançando que a SPMI vai avançar este ano com a atribuição de uma bolsa de investigação no valor de 10 mil euros e três propinas do primeiro ano de doutoramento. A Direção da SPMI também nomeou um Júri para apreciação das candidaturas, que terá duração igual ao mandato dos Corpos Sociais (2021), constituído pela Prof.ªs Doutoras , Lélita Santos, Francisca Fontes e Inês Chora.
João Araújo Correia pediu ainda aos especialistas presentes que colaborem na definição dos locais idóneos para estágio dos internos nacionais e internacionais, realçando a importância de colaborar com outras entidades neste campo, nomeadamente com a Sociedade Espanhola de Medicina Interna.
Numa última proposta, o presidente da SPMI lançou a ideia de criar para esta academia uma estrutura mais definida, “que lhe dê um caráter mais vinculativo, capaz de se comprometer com um plano de ações definido”:
“Parece-me óbvio que não podemos continuar a reunir 20 ou 30 académicos, repetindo os problemas sem avançar com soluções. Acho que a formação de um Núcleo de Estudos da Academia da MI (NEAadMI) seria uma resposta possível”, terminou.
João Araújo Correia e Lèlita Santos, presidente e vice-presidente da SPMI, respetivamente
Lèlita Santos, vice-presidente da SPMI, focou em seguida os projetos que foram concretizados no último ano de trabalho, assumindo que há muito trabalho por fazer.
“Concretizámos apenas duas ou três ideias, mas estamos em via de concretizar outras. Um desses avanços foi a realização de um documento a expressar a nossa preocupação com o facto de estarmos a perder a docência nalgumas universidades”, explicou a especialista, adiantando que outro avanço foi feito no regulamento para a instituição da bolsa de investigação com o apoio da SPMI, assim como o financiamento do primeiro ano de propinas para doutoramentos, o que, em ambos os casos, considerou “um incentivo para que os colegas de Medicina Interna continuem a progredir em termos de investigação e se possam impor verdadeiramente na área académica”.
A terminar , Lèlita Santos revelou que está em curso a criação de um gabinete de consultoria, que avaliará novos projetos e poderá apurar a sua viabilidade, e que muito em breve será possível a partilha de casos clínicos reais entre especialistas de Medicina Interna dedicados ao ensino.
(04/02/2019)