SPMI orgulhosa pelo número recorde de participantes no Congresso Europeu de Medicina Interna
Mais de dois mil participantes no Congresso Europeu de Medicina Interna (CEMI) é um registo que “enche de orgulho” o presidente da Sociedade Portuguesa de Medicina Interna. João Araújo Correia releva que é um valor que “bate todos os recordes e é também um orgulho para Portugal”, destacando ainda os 2500 trabalhos a concurso, 650 dos quais de investigação.
Já sobre o desenrolar do CEMI, o presidente da SPMI relembrou o discurso da Ministra da Saúde na sessão de abertura, “em que abordou todas as áreas em que a Medicina Interna está envolvida”, e revelou a esperança de que as promessas que deixou tenham tradução prática. Já sobre a palestra do maestro Martim Sousa Tavares, João Araújo Correia considerou-a “brilhante” e elogiou a analogia feita entre o papel do maestro e o do internista.
Primeiro dia com muitos motivos de interesse
Entrando já no programa científico do congresso, o presidente da SPMI fez o destaque de alguns dos temas apresentados:
Os novos paradigmas do tratamento hospitalar e os custos em saúde
“Abordou-se a cogestão do doente cirúrgico por internistas, tendo ficado evidente que esta opção traz elevados ganhos, quer em termos de eficiência quer no menor número de complicações pós-cirúrgicas. Este é um sistema já implantado em Portugal em unidades de saúde privadas, mas que nos hospitais públicos tem havido dificuldade em operacionalizar.
Foi também abordado o tema da hospitalização domiciliária, num conceito diferente do que estamos a adotar em Portugal, mas para o qual evoluiremos no futuro. No caso holandês, estão a manter em casa doentes demenciados, complexos e crónicos, com recurso a equipas especializadas, promovendo melhorias da qualidade de vida e manutenção da capacidade cognitiva.”
Relação umbilical entre os sistemas de saúde e o sistema social
“Foi uma sessão conjunta da EFIM e ACP em que ficou patente que, apesar das diferenças entre os dois sistemas de saúde, há algo em comum: só a resolução do problema social permite obter reais melhorias em saúde. Mais “chocante” foi o facto de ter sido demonstrado num estudo na Catalunha que em doentes com insuficiência cardíaca a melhor condição social pode levar a um aumento da esperança média de vida de até 12 anos.”
Burnout
“É um tema sempre premente na nossa profissão, mas mais do que o fenómeno em si ficou claro que a melhor forma de o prevenir, não passa somente por reduzir o tempo de trabalho, mas sim promover políticas de reconhecimento e satisfação dos profissionais de saúde que possibilitem que o médico esteja motivado para a missão que lhe é pedida. Se o sistema não funciona, fenómenos de frustração e burnout instalam-se muito mais precocemente.”
(31/08/2019)