Núcleo de Diabetes do Hospital de Santarém e a Pandemia SARS CoV2

O Núcleo de Diabetes do Hospital de Santarém tem vindo a desenvolver as suas atividades desde há mais de 20 anos, sendo seus objetivos a gestão integrada do doente diabético de forma a minimizar as complicações de órgão-alvo decorrentes da evolução da doença e implementando uma educação terapêutica, seguimento regular e cuidados terapêuticos individualizados, mais adequados a cada utente.

O corpo clínico do Núcleo é atualmente constituído por seis assistentes hospitalares de Medicina Interna com formação específica e/ou diferenciação em Diabetes, dois enfermeiros dedicados a área, um nutricionista, uma dietista e uma podologista. Durante a pandemia SARS CoV2 todos os elementos do Núcleo se mantiveram no ativo em presença física no hospital, garantindo as habituais funções na enfermaria, urgência e consulta externa.

Entre as várias atividades do Núcleo de Diabetes salienta-se: Consulta de Diabetes, Consulta de Nutrição, Consulta de Podologia, Hospital de Dia de Diabetes e Sessões de grupo de Educação Terapêutica. No seguimento e orientação do doente diabético e além da Consulta de Diabetes destacam-se as atividades do Hospital de Dia de Diabetes, as quais garantem o apoio ao doente em ambulatório e ao doente internado que transita para ambulatório e que incluem consulta de enfermagem (programada ou urgente) e a educação para a autogestão da doença, nomeadamente ensinos de autocontrolo, insulinização e gestão de terapêutica. Inclui também: sessões de educação terapêutica de grupo para doentes e familiares sobre: “cuidados alimentares”, “sessões de contagem de hidratos de carbono”, “técnicas de autovigilância” e “cuidados com o pé”, em estreita colaboração com uma dietista e uma podologista.

Toda esta atividade teve de ser reajustada durante o período da pandemia SARS CoV2, quer ajustando recursos humanos (que em parte foram desviados para outras atividades no hospital, nomeadamente para a urgência e enfermaria covid), quer desenvolvendo novas formas de atendimento, em particular consultas por telefone e teleconsultas.

A“ Linha telefónica aberta“ criada em 2014 revelou-se crucial na fase da pandemia. Esta linha sendo acessível a todos os doentes seguidos em consulta, permite em dias úteis entre as 9h e as 17h, através de chamada telefónica direta para enfermeiro do Hospital de Dia o esclarecimento de dúvidas e problemas e/ou ajuste terapêutico.

Assim, e no período referente ao primeiro confinamento, as consultas foram garantidas e realizadas de forma não presencial, através de telefonema com enfermeiro e posteriormente com médico de forma a manter a continuidade de seguimento, exames e medicação. Neste período assistimos contudo ao descontinuar de exames complementares habituais uma vez que muitos dos doentes temiam a deslocação ao hospital. Já durante o confinamento de 2021 verificámos uma maior adesão na realização de exames analíticos.

As atividades de grupo, nomeadamente as Sessões de Educação Terapêutica foram entretanto suspensas de forma a garantir a segurança; porém foram substituídas por educação individual ajustada a cada pessoa doente realizada por telefone, mail ou teleconsulta pelos vários elementos do Núcleo de Diabetes. A podologia sessou a sua atividade no primeiro confinamento, tendo retomado no final de maio de 2020 . Em 2021 tem vindo a apresentar um aumento progressivo dos números com o abrandar da pandemia, mantendo implementadas estritas medidas de segurança.

O movimento anual da Consulta atinge um total de 2813 a 2991 consultas por ano nos anos de 2016 a 2019, das quais 240 a 288 primeiras consultas. As sessões do Hospital de dia variaram entre 1041 a 1182 nesses anos. No ano 2020 o número de consultas efetuadas reduziu-se apenas 8.5%. Porém as sessões de hospital de Dia foram as mais afetadas, com redução de 35%.

No sentido de avaliar o efeito do confinamento no controlo metabólico do doente diabético, foi efetuado um estudo retrospetivo abrangendo uma amostra de mais de 220 doentes, quer tipo 1, quer tipo 2, o qual irá ser apresentado na IDF e cujos resultados preliminares passamos desde já apresentar. Assim, verificámos uma melhoria no controlo metabólico com redução de HbA1c em cerca de 0,3% em todos os doentes, mas mais evidente nos tipo 2. Os diabéticos tipo 1 apresentaram uma redução na HbA1c menor, porém mais sustentada no tempo.

Núcleo de Diabetes do Hospital de Santarém
Coordenadora Dra. Cristina Esteves
28/05/2021