Notícia | Doenças Pulmonares Obstrutivas: O que há de novo?
Bronquiectasias: uma unidade subdiagnosticada
Célia Cruz, internista do Hospital de Santo António, no Porto, falou sobre Bronquiectasias, no decorrer da sessão “Doenças Pulmonares Obstrutivas: o que há de novo?”, que se realizou no início da tarde, desta sexta-feira.
Segundo a médica, este é um tema para o qual “é essencial sensibilizar os clínicos”, uma vez tratar-se de uma doença que, ainda, se mantém subdiagnosticada, mas que causa grande impacto na qualidade de vida dos doentes.
“Embora a prevalência das Bronquiectasias se mantenha desconhecida, estima-se que seja de 42 a 556/100.000 pessoas, números que têm aumentado nos últimos anos, fruto da maior longevidade e do uso generalizada da TAC de alta resolução”, salientou.
Tal como referiu, as bronquiectasias não fibrose quística são uma doença inflamatória crónica que cursa com dilatação irreversível do lúmen brônquico e, clinicamente, com tosse purulenta. “É a terceira doença inflamatória crónica mais frequente, a seguir à asma e à DPOC, e está intimamente relacionada com estas entidades”, observou.
Como ideias-chave, Célia Cruz afirmou que os doentes com bronquiectasias devem ser avaliados em centros especializados, sendo essencial excluir causas com tratamentos específicos, como a fibrose quística, as imunodeficiências, as infeções por micobactérias não tuberculosas, a aspergilose broncopulmonar alérgica, entre outras.
“As restantes estratégias terapêuticas são transversais a todas as entidades e assentam na reabilitação e cinesiterapia respiratória, agentes mucoativos e estratégias de controlo de infeção”, indicou, salientando a importância da vacinação e da identificação atempada e tratamento precoce das exacerbações, um dos principais fatores de prognóstico da doença.”
A médica refere ainda que, dos microorganismos implicados, a Pseudomonas aeruginosa está associada a pior prognóstico, estando indicada a sua erradicação bem como o MRSA; e que, nos casos dos exacerbadores frequentes, pode ainda estar indicada a terapêutica crónica com antibióticos por via oral, inalada ou endovenosa.
“Neste âmbito, as unidades de hospitalização domiciliária podem ser fulcrais no sentido de providenciar o melhor tratamento com mínimo impacto na vida do doente”, terminou Célia Cruz.
No decorrer da sessão “Doenças Pulmonares Obstrutivas: o que há de novo?”, presidida por Sameiro Ferreira, internista na Clínica Santa Tecla, em Braga, e moderada por Alfredo Martins, internista do Hospital da Luz, Arrábida, falou-se também das temáticas “Asma Brônquica”, por Jaime Correia de Sousa, coordenador do Grupo de Doenças Respiratórias (GRESP) da Associação Portuguesa de Medicina Geral e Familiar, e “Doença Pulmonar Obstrutiva
Crónica”, por Miguel Guimarães, pneumologista do Centro Hospitalar Vila Nova de Gaia/Espinho.