Notícia | Cuidados Paliativos no doente não oncológico.
Internistas sugerem novas formas de melhorar os Cuidados Paliativos no doente não oncológico
Na sessão “Cuidados Paliativos no doente não oncológico”, que decorreu na manhã de sábado, Sara Vieira Silva, especialista na área de Medicina Interna, no Centro Hospitalar e Universitário do Porto, apresentou a temática “ Abordagem da Dispneia na doença respiratória crónica e na IC avançada”, onde referiu que a dispneia é um dos sintomas mais desafiantes na abordagem do doente crónico, muito pela sua elevadíssima prevalência, mas também pela sua complexidade e difícil gestão.
Sara Vieira Silva, lembrou ainda para a importância do médico internista, que atua como um dos principais maestros da gestão do doente crónico, desde a abordagem paliativa até aos cuidados paliativos especializados e centros de referência.
De acordo com a médica, para uma correta abordagem sintomatológica da Dispneia Refratária e da Dispneia Total, deve-se ter em consideração alguns fatores “a abordagem multidimensional e multidisciplinar, a abordagem dos sintomas associados, e um planeamento sobre as estratégias de intervenção com e sem recurso a fármacos”.
Ainda em torno da mesma questão, Rosa Encarnação, Psiquiatra, abordou “Demência: necessidades e oportunidades nos cuidados”, onde explicou que as caraterísticas desta doença, passam pelo declínio cognitivo e funcional, perda de juízo crítico, alterações comportamentais e a perda de vida da relação.
Porque quem cuida também precisa ser cuidado, Rosa Encarnação, relembrou, para a importância do papel dos cuidadores e das suas fragilidades.
A internista terminou com algumas sugestões, entre as quais, destacou “a continuidade de cuidados, a articulação entre os cuidados de Saúde Primários, Hospitalares, Continuados, Paliativos e a rede social, de modo a otimizar o cuidado tão necessário que as pessoas com demência carecem, assim como os seus cuidadores. A promoção de criação de circuitos de cuidados, uma vez que as pessoas com demência ao longo do seu trajeto, circulam por diferentes settings de cuidados e é necessário que a articulação seja efetiva, clara e a informação não se perca, de modo a terem cuidados dignos e ajustados às suas necessidades”.
Ainda na mesma sessão, Ana Branco, especialista em Nefrologia, lançou o tema “Doença Renal Crónica: o estado da arte”, em que alertou para a grande prevalência e complexidade dos doentes com Doença Renal Crónica, com múltiplas comorbilidades partilhadas com internistas, exigindo uma abordagem multidisciplinar, principalmente naqueles em que as terapêuticas de substituição renal não são se traduzem numa melhoria do seu estado geral.
“É importante identificar corretamente os doentes com má trajetória da doença, apesar da terapêutica de substituição renal, deve-se individualizar tratamentos, tomar decisões partilhadas e ter a intervenção precoce de cuidados paliativos, com grande impacto na qualidade de vida, e de morte, dos doentes e dos seus cuidadores”, terminou.
No decorrer da sessão, presidida por Jesus Diez Manglano, chefe de secção na Unidade de Pacientes Pluripatológicos de Medicina Interna do Hospital Universitário Miguel Servet, e moderada por Elga Freire, coordenadora da Equipa Intra-Hospitalar de Suporte em Cuidados Paliativos do CHU.