Notícia | A MI no Hospital
A Medicina Interna no Hospital
“A Medicina Interna é um elemento essencial no acompanhamento do doente em todo o seu percurso hospitalar quer pelo seu carácter integrador quer pela sua abordagem global do doente internado, criando-lhe novas responsabilidades”, afirmou Rafaela Veríssimo, especialista em Medicina Interna, na sessão “Medicina Interna no Hospital”, onde apresentou o tema “A Medicina Interna na Ortogeriatria”, que decorreu durante a tarde de sábado.
E acrescentou “é também o médico mais adequado para acompanhar o doente idoso, com as suas comorbilidades e particularidades clínicas inerentes ao envelhecimento, tendo um diagnóstico agudo médico ou cirúrgico. Os doentes com fratura do fémur são frequentemente frágeis, devido à idade avançada e as várias comorbilidades associadas, são os mais complicados na decisão clínica, com elevada taxa de morbilidade, mortalidade e declínio funcional.”
Consequentemente, Rafaela Veríssimo alertou para o papel fundamental do internista na Ortogeriatria, e que quando ocorre a fratura do fémur no idoso, o médico internista deve acompanhá-lo em todo o seu processo hospitalar: desde a admissão no Serviço de Urgência, até à alta hospitalar, e por fim, na prevenção secundária da fratura.
A internista salientou ainda que o apoio da Medicina Interna na fratura do fémur deve coexistir através de uma equipa multidisciplinar de apoio hospitalar incluindo ortopedistas, anestesistas, fisiatras, fisioterapeutas, enfermeiros de reabilitação, nutricionistas, farmacêuticos e serviço social. “A avaliação geriátrica global é essencial para o sucesso da atuação do internista, tendo impacto no prognóstico funcional do doente, bem como deve ser promovida uma comunicação fácil entre toda a equipa multidisciplinar”, assegurou.
Terminou referindo que o objetivo primordial do internista, na co-gestão com ortopedia deve ser o de recuperar funcionalmente o idoso e evitar e tratar as complicações médicas associadas à queda e/ou cirurgia, tais como dor, delirium, infeção, alterações hidroeletrolíticas, anemia, tromboembolismo, úlceras de decúbito, desnutrição, entre outros, contribuindo para uma redução do tempo de internamento, melhoria da recuperação funcional e redução dos custos.
“A medicina interna é a medicina dos doentes, o internista é o médico do doente”, revelou António Maia Gonçalves, diretor médico da Unilabs Portugal e responsável pela Medicina Interna e Cuidados Intensivos da Casa de Saúde da Boavista, no Porto, onde lançou o tema “A Medicina Interna e o Doente Crítico”.
O médico explicou ainda que tendo em conta o seu conhecimento da atual realidade demográfica, o doente crónico, com as suas múltiplas insuficiências, terá um percurso clínico em que o internista terá o lugar privilegiado, para partilhar com o doente e as suas famílias qual a melhor orientação clínica a seguir, sempre que surgir uma agudização.
“Nas agudizações respeitantes à doença crónica, mas também no doente crítico por doença aguda, o internista tem uma dimensão humanista dos cuidados, que difere das subespecialidades”, garantiu.
António Maia Gonçalves terminou, lembrando que do internista espera-se uma capacidade de suportar funções vitais, um diagnóstico rápido, e uma dimensão humanista na orientação subsequente a dar ao doente crítico, sendo que nem tudo o que é clinicamente possível, será eticamente adequado.
Ainda na mesma sessão, falou-se do tema “Cogestão do Doente Cirúrgico”, por Alexandra Bayão Horta, diretora do Serviço de Medicina Interna do Hospital da Luz, onde referiu “numa época em que os internistas se veem esgotando no preenchimento de trabalho por escala, a cogestão de doentes cirúrgicos pode representar uma oportunidade para a Medicina Interna se reposicionar dentro do hospital como uma especialidade fundamental para o funcionamento das outras especialidades.”
Explicou também que esta poderia ser mais uma arma que a Medicina Interna pode usar para se tornar ainda mais indispensável na estrutura organizativa do hospital. Contudo, ressalvou a importância de incluir no programa de formação dos internistas um treino em gestão de doentes cirúrgicos.
“A Medicina Interna no Hospital”, foi presidida por Xavier Corbella, especialista em Medicina Interna e moderada por Jorge Crespo, diretor da Unidade de Gestão Intermédia Médica 1 do CHUC.