NEGERMI faz abordagem ao idoso institucionalizado
O curso “Abordagem ao Idoso Institucionalizado” realizou-se na passada sexta-feira, no Centro Hospitalar de Vila Nova de Gaia/Espinho. A iniciativa foi organizada pelo Núcleo de Estudos de Geriatria (NEGERMI) e pelo Centro de Formação em Medicina Interna (ForMI) da SPMI.
De acordo com Ricardo Fernandes, membro do NEGERMI e responsável pela organização da formação, os grandes objetivos passaram por reconhecer a importância de uma abordagem dirigida, individualizada e sistemática do idoso.
“Pretendemos dar aos nossos formandos, profissionais de saúde que trabalham em instituições onde estão idosos – lares, centros de dia e hospitais -, todas as ferramentas de que necessitam, para garantir que os idosos têm os melhores cuidados. O objetivo foi ensiná-los a desenvolver uma abordagem personalizada, tendo em conta o tipo de pessoa, de patologias e de comorbidades”, referiu o internista.
Ricardo Fernandes lembrou que, em Portugal, o número de indivíduos idosos é elevado e crescente e que as famílias de hoje não têm condições para dar resposta às suas necessidades.
“A família mudou. No início do século passado, os idosos eram acompanhados em casa. Atualmente, os cuidadores são os cônjuges, que têm uma idade igualmente avançada, ou os filhos e sobrinhos, que têm uma vida laboral difícil”, explicou.
E acrescentou: “A institucionalização pode ser uma alternativa face à mudança de todo o paradigma da prestação de cuidados, mas tem sido parca face às necessidades. É importante criarmos uma linguagem comum entre os profissionais que cuidam dos idosos e essa é a razão pela qual criámos este curso.”
O responsável defende que tudo será mais fácil, se o idoso progredir dentro de um serviço, de forma tão homogénea quanto possível, com um plano individual de cuidados, onde todos os profissionais falam a mesma língua e efetuam o que está preconizado: “É possível poupá-los de algumas situações e instrumentação desnecessárias, como a algaliação, a colocação de sonda, entre outros aspetos.”
Um programa abrangente
Durante a manhã, os formadores do Curso “Abordagem ao Idoso Institucionalizado” falaram dos aspetos gerais relativos ao envelhecimento e fizeram uma avaliação da Geriatria Global, focando o tipo de escalas que podem ser utilizadas para quantificar a funcionalidade do idoso e para perceber que tipo de pessoa estão a cuidar. “Abordámos as várias vertentes, passando também pelos pontos de vista cognitivo, nutricional e social”, observou. Além disso, os formandos assistiram a sessões de nutrição, de feridas e úlceras de pressão e de reabilitação.
Depois do almoço foi feita uma avaliação por órgãos e sistemas: “Tentámos, através do sistema neuropsíquico perceber como se avalia a confusão, para a prevenirmos de forma farmacológica e não farmacológica.” O mesmo foi feito em relação aos sintomas respiratórios e digestivos e, ainda, à dor, muito prevalente nos idosos e de várias etiologias.
“Revisitámos o idoso, as suas patologias e a sua avaliação geral de forma sumária”, disse Ricardo Fernandes.
O especialista observa que é a primeira vez que se organiza este curso no Norte do país e que os membros do NEGERMI têm como objetivo repeti-lo em diferentes zonas. “A ideia é tentar difundir a mensagem e falar da importância da Geriatria. Esta faixa etária tem muitas particularidades, merece ser entendida, respeitada, tratada e orientada”, sublinhou.
O curso contou com 23 participantes, na sua maioria internistas. Contudo, Ricardo Fernandes salientou que não foi pensado apenas para médicos, mas para todos os profissionais de saúde que trabalhem com idosos: enfermeiros, fisioterapeutas, terapeutas da fala, assistentes sociais, psicólogos e assistentes técnicos.