NEDVIH reuniu para debater Patologia Metabólica

Englobada no ciclo de reuniões temáticas que está a promover, o Núcleo de Estudos da Doença VIH (NEDVIH) da Sociedade Portuguesa de Medicina Interna (SPMI) organizou, em Santarém, uma reunião em torno do tema – Patologia Metabólica.

O encontro, que se debruçou essencialmente sobre diabetes e dislipidemias, teve organização conjunta do Hospital Distrital de Santarém (HDS) e do Centro Hospitalar do Oeste (CHO). Fausto Roxo, responsável pelo Hospital de Dia de Doenças Infeciosas do HDS e que participou na organização deste encontro, sublinhou a importância da interação entre os internistas que tratam VIH e os colegas de outras especialidades.

José Vera, Cristina Teotónio e Fausto Roxo

“A patologia VIH é hoje mais do que uma mera infeção. É uma doença multidisciplinar, que afeta todos os órgãos e sistemas e que por isso interessa à Medicina Interna por excelência. No entanto, é fundamental a integração com os cuidados de saúde primários, que atesta o perfil multifatorial do tratamento destes doentes, que passa não só pelas patologias, como por muitos outros apoios sociais e familiares”, destacou o médico, numa opinião partilhada por Cristina Teotónio, representante do NEDVIH do CHO, que valorizou a partilha de experiências promovida por este encontro.

“Esta patologia é cada vez mais multidisciplinar, os nossos doentes são cada vez mais idosos e isso leva-nos a termos de atuar em conjunto para atenuar os vários fatores de risco de que padecem. Nesse âmbito, obviamente, a Medicina Interna é um lugar de eleição para o fazer, na maioria dos casos em colaboração com outras especialidades que nos dão apoio”, avaliou.

Um dos principais parceiros da Medicina Interna são os cuidados de saúde primários e Marília Boavida, presidente do ACES Lezíria, atestou dos benefícios desta ligação.

“É uma parceria frutuosa que resulta, em ultima instância, na melhoria de cuidados ao doente”, disse, avançando que o ACES Lezíria está sempre disponível para novos projetos que tenham como foco o doente e uma melhor prestação de cuidados.

Tratamento do VIH entrou numa nova era

José Vera, coordenador do NEDVIH, fechou a sessão de abertura desta reunião temática e lembrou que foi preocupação do núcleo realizar este ciclo de encontros como forma de fazer o reconhecimento de uma nova era no tratamento da doença.

José Vera, coordenador do NEDVIH

“É uma nova era marcada pela significativamente maior facilidade no controlo da infeção, fruto da investigação científica e do empenhamento da indústria farmacêutica, e pelo aumento igualmente significativo da sobrevida dos doentes, pelo que a consideramos hoje como uma doença crónica. As comorbilidades são cada vez mais uma preocupação”, declarou José Vera, que alertou ainda para os pontos em que é necessário investir.

“Os novos doentes, infetados maioritariamente por via sexual, são doentes diagnosticados tardiamente e com uma idade média superior, o que reforça a necessidade de uma dinâmica de trabalho entre equipas no hospital e fora dele, nomeadamente com os cuidados de saúde primários e as estruturas não governamentais de apoio ao doente”, concluiu.

(04/06/2019)