NEDVIH colocou a prevenção no centro da discussão das suas XIX Jornadas

Mais de doze anos depois, as Jornadas do Núcleo de Estudos  da Doença VIH (NEDVIH) voltaram a realizar-se em Beja, no Alentejo, onde mais de 100 participantes debateram as últimas atualizações no tratamento desta doença crónica.

Os especialistas destacaram a importância de reforçar a aposta na prevenção e no rastreio, e Telo Faria, presidente das XIX Jornadas e coordenador do NEDVIH, considerou que este tipo de encontros “é sempre uma mais valia pela troca de informação e experiências entre os participantes, não só internistas, mas também psicólogos, farmacêuticos e enfermeiros”.

Comissão organizadora das XIX Jornadas do NEDVIH

“O tema fulcral em qualquer encontro do VIH é a prevenção e o rastreio, não esquecendo a importância da literacia para a saúde, e as novas abordagens e tratamentos dos doentes com VIH”, afirmou o especialista, que não tem dúvidas do papel central que a Medicina Interna tem no tratamento desta patologia.

“O internista é fundamental no tratamento de uma doença como o VIH, porque hoje, numa altura em que a doença é crónica, em que um portador do vírus pode ter a mesma esperança de vida que outra pessoa qualquer, os doentes acabam por sofrer de todas as comorbilidades relacionadas com a idade, como hipertensão, diabetes ou doenças coronárias. Por isso”, sublinhou, “é muito importante a análise de contexto que é o apanágio da Medicina Interna”.

Depois dos avanços no campo terapêutico, Telo Faria realçou que uma área em que se mantêm as dificuldades é ao nível da discriminação, que diz manifestar-se em termos sociais, laborais e familiares.

Em representação da direção da SPMI, Nuno Bernardino Vieira enalteceu a importância que os núcleos têm no vigor da SPMI, elogiando o trabalho de atualização e investigação que tem sido desenvolvido, “tornando a Medicina Interna uma especialidade capaz de dar a reposta que os doentes necessitam”.

Olhando para o futuro, o internista deixou ao NEDVIH alguns desafios, “importantes para o crescimento da Medicina Interna”, e em que destacou a “produção de projetos  de investigação, de recomendações nacionais, de registos de doentes, sempre com o propósito de dar maior visibilidade à atividade da Medicina Interna”.

Conceição Margalha, presidente do Conselho de Administração da Unidade Local de Saúde do Baixo Alentejo (ULSBA), abordou a evolução do VIH, relembrando que surgiu como uma “imunodeficiência adquirida, grave, de rápida progressão e que levava à morte rápida, e que hoje uma doença crónica e em que o foco está já na qualidade de vida oferecida aos doentes e até na possibilidade de erradicar o vírus”.

Também presentes na sessão de abertura destas jornadas estiveram José Reina, diretor de Especialidades Médicas do ULSBA, e José Robalo, presidente da ARS Alentejo, em representação da ministra da Saúde. Ambos destacaram a importância da reunião, a relevância do tema e deixaram votos de sucesso para o NEDVIH.

A fechar a cerimónia, Paulo Arsénio, presidente da Câmara Municipal de Beja, congratulou-se pelo regresso da reunião à cidade alentejana e expressou o desejo de que não decorra tanto tempo até que os internistas regressem para um novo evento.

(28/01/2019)