Mérito em Administração Hospitalar: Garcia de Orta premiado pela integração de cuidados
Um projeto do Serviço de Medicina do Hospital Garcia de Orta (HGO) foi o vencedor da Iniciativa Mérito em Administração Hospitalar – Prémio Margarida Bentes, da Associação Portuguesa de Administradores Hospitalares (APAH). Apresentado na Escola Nacional de Saúde Pública (ENSP), o projeto diminuiu a demora média de internamento e reforçou a interligação com os cuidados de saúde primários (CSP), segundo António Martins, administrador do Serviço.
O responsável realçou outras vantagens do projeto, que visa uma melhor integração de cuidados. “Foram criadas condiçöes para que avançasse o projeto de Hospitalização Domiciliária (os doentes menos graves ficam internados em casa e são vistos por médicos e enfermeiros), melhoraram-se os processos de referenciação e a informação partilhada entre cuidados primários e hospitalares.”
Aquele responsável afirmou ainda à Just News que todo o trabalho não implicou mais custos: “Foi desenvolvido pelos profissionais que demonstraram que é possível melhorar um serviço com os recursos existentes, sem pôr em causa a qualidade dos cuidados prestados e com recursos humanos insuficientes.”
A equipa do projeto “Integração de Cuidados” contou com o apoio de António Martins, mas também de Maria Francisca Delerue, diretora do Serviço de Medicina do HGO, Susana Graúdo, enfermeira-chefe do mesmo Serviço, e de Fernando Melo, diretor do Serviço de Gestão de Serviços de Informação do HGO.
Apesar do prémio, António Martins salientou que o trabalho é para continuar. E esclareceu: “Ainda é preciso melhorar o protelamento dos internamentos de 1 para 3 dias, que se devem à falta de disponibilidade dos familiares ou instituições para receber o doente.”
Após a apresentação do vencedor, feita por Fátima Nogueira, membro da Direção da APAH, teve lugar uma conferência sobre “Ambulatory care sensitive conditions in Europe”. Juan Eduardo Tello, da Divisão de Sistemas de Saúde e Saúde Pública na Europa da OMS, apresentou os resultados deste estudo, que envolveu vários países e cujo objetivo era avaliar a articulação e a integração entre os cuidados hospitalares e os CSP.
Juan Eduardo Tello sublinhou que “Portugal está no bom caminho, mostrando trabalho na área da articulação e integração de cuidados”.
O estudo foi também comentado por vários profissionais de saúde. Mais concretamente, Henrique Botelho, coordenador nacional para a Reforma do SNS na área dos CSP; Fernando Regateiro, coordenador nacional para a Reforma do SNS na área hospitalar; Ricardo Mestre, vogal executivo da ACSS; Luís Pisco, vice-presidente da ARS Lisboa e Vale do Tejo; Rui Santana, investigador da ENSP; e Luís Campos, presidente da Sociedade Portuguesa de Medicina Interna (SPMI).
Todos foram unânimes em considerar que é importante apostar nesta articulação e integração. Henrique Botelho apontou mesmo a importância de “um encontro de diferentes cuidados, como tal, complementares”.
Fernando Regateiro relembrou, por sua vez, que não se pode esquecer o “sistema de pagamento de projetos que chocam com a cultura atual, como o da Hospitalização Domiciliária do HGO”.
Já o presidente da SPMI, Luís Campos, salientou que “é bom que os doentes tenham resposta nos CSP, mas também no hospital”, face ao aumento de consultas. E apontou que “é necessário dar resposta, mas não da forma como é feita atualmente, a pensar-se na doença, com base em programas verticais e guidelines desadequadas”.
Na sessão de abertura estiveram presentes Rui Santana, Alexandre Lourenço, presidente da APAH, e Vítor Papão, diretor-geral da Gilead. O secretário de Estado da Saúde, Manuel Delgado, esteve presente na sessão de encerramento, assim como João Pereira, diretor da ENSP.
O Prémio Margarida Bentes conta com o apoio da ENSP, da Gilead e da Exigo Consultores.
(1/10/2016)