Medicina Interna assume liderança da Hospitalização Domiciliária
A Hospitalização Domiciliária foi o tema que reuniu em Torres Novas muitos dos internistas que neste momento trabalham em unidades que implementam este modelo e que, um pouco por todo o país, estão a revolucionar a forma como os doentes são tratados.
Olga Gonçalves, coordenadora médica da Unidade de Hospitalização Domiciliária (UHD) do Centro Hospitalar de Vila Nova de Gaia/Espinho e membro da direção da SPMI, presente na sessão, sublinhou que o internista é o médico talhado para os cuidados de hospitalização domiciliária.
Olga Gonçalves
“Primeiro, porque está habituado a ver o doente globalmente. Depois, porque tem uma especial sensibilidade contactar com a família e poder ir ao terreno. O desafio que nos é feito é para que abdiquemos da segurança das paredes do hospital e levemos todo o conforto que o hospital pode dar para casa do doente”, explicou a especialista, que, satisfeita, relevou que o poder político e o Ministério da Saúde apostam seriamente nesta política de cuidados e vê com bons olhos o seu crescimento.
HGO é o rosto da mudança
Francisca Delerue, diretora do Serviço de Medicina Interna no Hospital Garcia de Orta (HGO), coordena um serviço que foi pioneiro na implementação da Hospitalização Domiciliária. Depois de três anos e meio de trabalho, o HGO tem já 1300 doentes tratados neste âmbito e hoje são 20 aqueles que são assistidos no seu domicílio, num balanço que a diretora considera “muito positivo” e que quer ainda este ano expandir até aos 30 doentes.
Francisca Delerue
“É com grande orgulho e entusiasmo que vejo a abertura progressiva de mais unidades porque no fundo é o acreditar do SNS neste projeto que foi iniciado por nós. Somos um exemplo e a prova de que pode resultar. Há investimento do Estado neste projeto e isso levou-nos a acreditar”, afirmou a médica, que defende que devem ser os internistas a liderar esta “revolução”.
“Quem tem de estar à frente destes projetos são os internistas. Os doentes são complexos, cada vez mais idosos, com múltiplas patologias, e só um internista pode abordar um doente com este perfil.”
Ganhos em Saúde são motivação extra
“No futuro, e face ao perfil demográfico e aumento da esperança média de vida, vamos necessitar de cada vez mais camas, pelo que é imperioso promover um programa de prestação de cuidados diferente.”
As palavras são de Delfim Rodrigues, coordenador nacional do Programa de Hospitalização Domiciliária, que adianta que precisando de mais camas, “a única saída é utilizar as camas de todos nós, que são mais cómodas, permitem receber cuidados da mesma qualidade, e no conforto da família, cuidados mais humanizados”.
Delfim Rodrigues, coordenador nacional do Programa de Hospitalização Domiciliária
O coordenador não tem dúvidas de que se trata de uma mudança de paradigma na Saúde, dizendo mesmo que “no passado o doente ia à procura do médico e hoje é o médico que deve ir à procura do doente”.
Quanto ao papel do internista, Delfim Rodrigues não tem dúvidas de que é um elemento centra deste modelo e que deve ser ele o polo dinamizador de todas as equipas.
“O médico internista tem um papel de liderança e deve ter a capacidade de estender a cada membro da equipa de saúde a sua competência, para que cada um seja um centro inteligente de decisão”, concluiu.
(03/06/2019)