João Araújo Correia: «O meu avô era uma espécie de Robin dos Bosques da Medicina»
Ao longo dos dias 8 e 9 de outubro realiza-se, no “Teatrinho” de Peso da Régua, o V Forum João de Araújo Correia, subordinado ao tema “Letras e Lancetas – Literatura e Medicina”.
João Araújo Correia, diretor do Serviço de Medicina 1 do Hospital Geral de Santo António/Centro Hospitalar do Porto, explica que “serão homenageados o meu pai e o meu avô como médicos e irá falar-se sobre o que é ser médico e o facto destes se tornarem em escritores”.
O presidente da Comissão Organizadora do próximo Congresso de Medicina Interna, que se realiza em maio de 2017, no Porto, sublinha: “O meu avô foi um escritor bastante conhecido, tendo deixado uma obra grande (cerca de 50 livros) que está a ser reeditada. É novamente recomendado pelo Plano Nacional de Leitura.”
“Uma espécie de Robin dos Bosques da Medicina”
Em entrevista à Just News, publicada na LIVE Medicina Interna, João Araújo Correia manifesta a sua grande admiração pelo avô e explica porquê: “O meu avô marcou-me muito. Além de médico, era contista, como referi. Nunca repetia uma história, mesmo quando a idade já era muita. A casa dele, que foi pena não ter sido conservada, era a de um médico ´João Semana`, e o consultório até tinha uma mesa obstétrica!”
O secretário-geral da SPMI afirma inclusive que o seu avô era “uma espécie de Robin dos Bosques da Medicina e só assim se explica como pôde formar cinco filhos. Os ricos pagavam bem pelos seus serviços médicos e aos pobres tudo dava, incluindo os próprios medicamentos. A sua importância como médico e escritor foi tão grande que o município do Peso da Régua deu o seu nome à escola secundária e ao Balneário das Caldas do Moledo e lhe erigiu uma estátua junto ao rio.”
Questionado sobre se a sua escolha pela Medicina Interna se deveu em grande parte a essa influência do seu avô, João Araújo Correia não hesita em dizer que sim: “ele transmitiu-me o gosto pela palavra, que tem muito a ver com a Medicina Interna. Entusiasma-me fazer perguntas, construir o puzzle do diagnóstico com base nos sinais da doença, que nem sempre são muito específicos.”
Acrescenta ainda que o seu avô trabalhava numa altura em que não havia os atuais métodos de diagnóstico, pelo que “ia a casa das pessoas e, falando com elas, também conseguia construir o puzzle. Cheguei a acompanhá-lo, muitas vezes, nessas visitas, que ainda hoje me ajudam muito como médico.”
Relativamente ao seu pai, João Araújo Correia recorda que “foi durante muitos anos o único anestesista da Régua e de Lamego. Além de ter escrito muito em jornais, escreveu alguns livros de memórias e alguns livros de histórias.”
(6/10/2016)