Internistas defendem benefícios da multidisciplinariedade no tratamento do AVC
A defesa do internista como elo de ligação de todas as especialidades médicas que intervêm no tratamento do doente com AVC foi uma das ideias centrais defendidas durante o 19.º Congresso do Núcleo de Estudos da Doença Vascular Cerebral (NEDVC) da Sociedade Portuguesa de Medicina Interna (SPMI), que se realizou, como habitualmente, no Porto.
Luísa Fonseca, coordenadora do NEDVC e presidente desta reunião, que lembrou que o NEDVC promove este encontro de forma a alertar a população médica para a necessidade de melhor tratar e prevenir o AVC, sublinhou que o trabalho de equipa é fundamental na abordagem desta patologia e que nessa estratégia o internista pode e deve assumir um papel de relevo.
“O internista ajuda a integrar todas as patologias do doente. O doente com AVC não é só um doente com doença neurológica, mas sim com múltiplas patologias. Neste sentido, o internista é o elo de ligação entre todas as especialidades e é aquele que melhor consegue orientar a terapêutica”, explicou a especialista.
Comissão organizadora do 19.º Congresso do NEDV
Presente na sessão de abertura do congresso esteve Manuel Correia, presidente Sociedade Portuguesa de Neurologia (SPN), que vincou também as mais valias de uma abordagem multidisciplinar deste tipo de doentes.
“A SPN apoia todas as iniciativas que visem as doenças neurológicas e o bem estar dos doentes, e é importante termos presente que a doença vascular cerebral tem, de facto, de ser alvo de uma atuação multidisciplinar, com várias vertentes, pois trata-se de uma doença sistémica.”
João Lobo Xavier, presidente da Sociedade de Neuroradiologia (SPNR), começou por destacar que o congresso do NEDVC “é um dos acontecimentos mais regulares e proveitosos na formação médica nesta área” e confirmou em seguida a disponibilidade dos neuroradiologistas para uma abordagem integrada desta patologia.
“Naturalmente, esta é uma área multidisciplinar. Temos de trabalhar em conjunto, neuroradiologistas, neurologistas, internistas, intensivistas por vezes, e contar com a colaboração de não médicos, nomeadamente o transporte inter hospitalar, que, neste momento”, alertou o presidente da SPNR, “é o elo mais fraco em toda a cadeia de diagnóstico e tratamento do enfarte cerebral agudo”.
Em representação do Prof. Castro Lopes, presidente da Sociedade Portuguesa do AVC (SPAVC) e recentemente distinguido com o Prémio Nacional de Saúde pelo trabalho feito em prol do doente com AVC, Ana Paiva Nunes afirmou que a SPAVC tem cada vez mais claro que o doente com AVC não precisa de apenas uma especialidade.
“O tratamento do AVC precisa de neurologistas, internistas, cardiologistas, fisiatras e todos os outros especialistas. Se queremos tratar bem os doentes com AVC temos de conseguir trabalhar todos em conjunto”, salientou.
A terminar, Miguel Guimarães, bastonário da Ordem dos Médicos e presença assídua nos congressos do NEDVC, relembrou que o núcleo da SPMI tem feito um trabalho “notável e relevante” no âmbito do AVC, que considerou tratar-se de ”uma doença de grande impacto na sociedade e que necessita de todos os profissionais para alcançar sucesso no seu tratamento”.
Durante dois dias, o congresso do NEDVC abordou temas como a hemorragia cerebral, a dupla antiagregação, o tratamento dos doentes com FOP, como identificar os doentes com ESUS e qual a melhor opção para esses casos, e, finalmente, a trombectomia nos doentes com sintomas minor.
(26/11/2018)