Internistas dão contributo decisivo em obra de referência para a Medicina

Foi esta semana apresentado o livro “A relação médico-doente: um contributo da Ordem dos Médicos”, uma obra com coordenação editorial de José Poças, e apoio da Ordem dos Médicos, que reúne o contributo de 81 especialistas sobre o tema nas suas mais variadas vertentes.

Entre os vários especialistas que escreveram a obra estão vários internistas, entre os quais o próprio José Poças, coordenador da obra, que explica que se trata de uma “obra coletiva, resultado de uma ideia que germinou e que contou com a colaboração de vários especialistas” onde, reconhece, não podiam faltar os internistas.

“Em todas as especialidades é fundamental a relação médico-doente, mas diria que para os internistas é absolutamente decisivo. Estou bastante satisfeito com o trabalho que realizamos, mas este livro não acaba aqui. Pelo contrário, começa aqui com a divulgação da sua mensagem”, sublinha.

Sobre os objetivos com o lançamento desta obra, José Poças esclarece que é uma oportunidade para uma “oportuna reflexão plural no conturbado panorama da Saúde” e frisa que serve também como forma de apoio na candidatura à UNESCO como património imaterial da humanidade

João Sá, especialista em Medicina Interna que escreve um dos textos presentes na obra e esteve na sessão de apresentação em representação da direção da SPMI, enaltece os méritos deste trabalho que durou mais de um ano e meio a ver a luz do dia.

“Este livro versa sobre a relação médico-doente em vários cenários e é uma obra que me parece fundamental, pois é um acervo das diversas experiências de vários colegas, de várias especialidades. A relação médico-doente é fundamental, pois sem ela também não há clinica, não se pode estabelecer uma relação eficaz”, considerou o internista.

Convidado para discursar na apresentação do livro, o sociólogo António Barreto arrebatou o auditório da Torre do Tombo com as suas palavras, considerando a obra como um “trabalho excecional e de grande importância para a saúde, cultura e sociedade portuguesa”.

“Este tema é eterno, mas a multiplicidade de abordagens faz desta obra um livro fascinante. A relação médico-doente é única e singular: é a mais antiga, repetidamente tratada, afetada pela passagem do tempo mas intemporal. Por isso, tem o mais antigo testamento deontológico e faz com que o médico seja o profissional mais respeitado, venerado e temido. Por isso, acredito que há lugar a que esta relação tenha um papel especial e este relacionamento venha a ser protegido e imortalizado”, opinou o também escritor.

Sobre o tema sobre o qual versa a obra, António Barreto validou a sua pertinência.

“Em tempos de técnica e ciência, de produtividade e rendimento, apesar dos constrangimentos e dificuldades, proliferação de equipamentos e instrumentos de análise, estatísticas intermináveis, apesar dos doentes se comportarem como mestrados em medicina, todos convergem para citar uma evidência de base: o essencial é a relação entre o médico e o doente. É aí que tudo se passa e a força desta unanimidade é formidável”, lembrou, deixando um eloquente elogio final:

“A Saúde tem hoje em Portugal um dia festivo com a apresentação desta obra. Se a Saúde é em Portugal o melhor que a democracia trouxe a seguir à liberdade, este volume – com o espírito que presidiu à sua elaboração – está à altura desse percurso de quase 50 anos”, terminou.

No encerramento da sessão, Miguel Guimarães considerou que este é um trabalho que vai ficar para a história.

“Este livro e o tema que trata poderão ter repercussão a nível internacional, porque a relação médico-doente, que é um tema intemporal resultado de uma relação milenar, nunca foi tão especificamente analisado”, lembrou o bastonário da Ordem dos Médicos, frisando que “é preciso valorizar mais as relações humanas e evitar o bloqueamento pela tecnologia”.

Na obra com mais de 700 páginas são vários os internistas presentes, entre os quais Luís Campos, Brito Avô, João Sá e Álvaro Carvalho, sem esquecer a colaboração de António Barros Veloso na coordenação da publicação.

(27/11/2019)