Internamentos e cirurgias são uma causa prevenível de tromboembolismo venoso
Dia Mundial da Trombose assinala-se a 13 de outubro
Enquanto profissional de saúde, o internista é um especialista que assume um papel fundamental não apenas no acompanhamento e tratamento do doente crónico em contexto hospitalar, como também se preocupa em trabalhar no sentido de sensibilizar a população para uma maior preocupação e cuidado com a sua saúde, nomeadamente na prevenção da doença aguda. Neste Dia Mundial da Trombose, falo-vos de um problema que preocupa a Medicina Interna e que é considerado uma das principais causas de morte e morbilidade em todo o mundo: o tromboembolismo venoso.
O tromboembolismo venoso é uma doença cardiovascular, que engloba a trombose venosa profunda, a qual ocorre quando se forma um trombo ou um coágulo nas veias, provocando uma obstrução e impedindo a correta circulação de sangue; e a embolia pulmonar, em que um coágulo se desprende ou fragmenta, deslocando-se até aos vasos dos pulmões. Esta última, quando não diagnosticada e tratada a tempo, pode ser fatal.
Para evitar este cenário, é importante conhecer os sintomas associados a esta complicação. No caso da trombose venosa profunda, a sintomatologia mais comum consiste no inchaço, dor, calor e rubor da perna. Já a embolia pulmonar pode não apresentar quaisquer sintomas, como pode, em contrapartida, manifestar-se através da falta de ar, dor no peito, palpitações ou perda de consciência.
Atualmente estima-se que uma em cada quatro pessoas morre de causas relacionadas com o tromboembolismo venoso. São fatores de risco para esta doença: internamento ou cirurgia recentes; mobilidade reduzida; idade avançada (mais de 60 anos); antecedentes pessoais ou familiares de tromboembolismo venoso; neoplasia (tumor) ativa; trombofilia (doença que promove a formação de coágulos sanguíneos); uso de medicação com estrogénios, como a pílula e a terapêutica hormonal de substituição na menopausa; obesidade; gravidez e período pós-parto e o consumo de tabaco e álcool.
Perante todos os fatores de risco, importa ter uma especial atenção para aqueles que podem ser preveníveis, nomeadamente os internamentos ou cirurgias, uma vez que até cerca de 60 por cento de todos os casos de tromboembolismo venoso ocorrem durante ou após um internamento hospitalar.
Desta forma, se for internado ou tiver uma consulta marcada com o seu médico, aproveite para questioná-lo a respeito do seu risco de desenvolver tromboembolismo venoso, bem como para discutir os riscos, sinais e sintomas e, se for o caso, as opções de prevenção adequadas.
O tratamento tanto da trombose venosa profunda como da embolia pulmonar consiste na anticoagulação e, dependendo da gravidade do caso, podem ser necessários mais tratamentos invasivos. No que respeita à sua duração, esta deve ser individualizada, sendo em regra de pelo menos três meses, podendo prolongar-se, se se justificar.
A prevenção é método mais eficaz e é neste processo que o Núcleo de Estudos de Doença Vascular Pulmonar pretende intervir junto da população, sobretudo junto de quem tem um ou mais dos factores de risco citados. Desta forma, tome atenção as seguintes recomendações:
- Avise sempre o seu médico que teve um tromboembolismo venoso no passado;
- Mantenha-se ativo, praticando exercício físico regularmente e evitando a imobilização prolongada;
- Mantenha um estilo de vida saudável, nomeadamente uma alimentação pobre em gorduras, açúcares e sal, e reduzir ou cessar o consumo de tabaco e álcool;
- Se for internado ou efetuar uma cirurgia, questione o médico relativamente à prevenção desta doença;
- Se efetuar uma viagem longa de avião (superior a 4 horas) consulte o seu médico;
- Cumpra rigorosamente o tratamento indicado;
Para mais informações, consulte o site da Sociedade Portuguesa de Medicina Interna, na informação ao cidadão.
Artigo de Opinião de Carolina Guedes, Internista e Coordenadora do NEDVP
(13/10/2019)