A importância dos termos na comunicação com o outro
Introdução
Há dois factos recentes que são um bom pretexto para reafirmar a necessidade de clarificar termos e conceitos na comunicação interprofissionais de saúde e deste com o cidadão. Referimo-nos aos debates nacionais sobre as decisões no final da vida promovidos pelo CNEV e aos debates e tomadas de posição precipitados pela discussão dos diplomas da Assembleia da República sobre a morte provocada a pedido do próprio. A maior parte das situações em que houve desacertos de posições e impossibilidade de convergência decorreram do facto de muitos dos participantes não saberem do que estavam a falar, utilizarem termos cujo significado ignoravam e terem utilizado termos para referir situações / procedimentos diferentes e por vezes opostos dos que pretendiam referir.
A comunicação é a base da relação dos profissionais de saúde com os seus doentes, com a sociedade e com os cidadãos. Na relação terapêutica a pessoa que pede ajuda, doente ou não, está por definição em condição vulnerável (pede ajuda) o que impõe ao profissional de saúde uma responsabilidade acrescida na resposta a essa solicitação do outro.
Por sua vez a pessoa que solicita ajuda, se é surpreendida por condição grave ou está fragilizada, sob tensão vivendo a incerteza e a gravidade da sua situação, muitas vezes com grande apreensão e angústia, o que condiciona a interpretação do que lhe é comunicado. Noutros casos o atingimento neurológico provocado pela doença perturba ou deturpa a compreensão da realidade. Quanto maior a carga emocional maior é a probabilidade de ocorrerem omissões e má interpretação no processo comunicacional. O doente e família têm muitas vezes vontade de ouvir mensagens diferentes das que lhes são comunicadas e se a comunicação não é explícita, ajustada e clara a probabilidade de se gerarem equívocos e/ou incompreensão aumenta exponencialmente. Neste contexto comunicar com eficácia e clareza é da maior importância e por isso a utilização de termos com significado claro e inequívoco é condição “sine qua non” para minimizar risco de interpretações erróneas.
Por outro lado a cada termo corresponde um conceito e se os termos utilizados são errados ou não correspondem a conceitos corretos a ação que deles decorre tem maior probabilidade de também não ser correta. A precisão dos termos e dos conceitos não é um exercício de estilo linguístico é um pressuposto da boa prática.
Na literatura publicada (especializada ou não) há definições diferentes, por vezes contraditórias associadas a termos e conceitos que se referem a situações sensíveis e eticamente complexas. Neste contexto os autores propõem aos membros a todos os Internistas uma reflexão / comentário sobre este assunto utilizando a seguinte metodologia