Há um «aumento gritante» de doentes com diabetes e comorbilidades renais e cardíacas

Os benefícios renais e cardíacos dos inibidores SGLT2 foram o tema central da 7.ª Reunião Temática do Núcleo de Estudos da Diabetes Mellitus (NEDM) da Sociedade Portuguesa de Medicina Interna (SPMI), que decorreu em 22 de maio, em Peniche.

Susana Heitor com Estevão de Pape, coordenador do NEDM

Susana Heitor com Estevão de Pape, coordenador do NEDM

Este foi o primeiro evento apenas presencial da SPMI este ano, acabando por ser também “um momento de reencontro”, segundo Susana Heitor, responsável pela iniciativa, juntamente com Estevão de Pape, coordenador do NEDM.

Sob a temática “RIM – O elo perdido da DM tipo 2”, na Reunião deu-se a conhecer as últimas evidências científicas sobre as mais-valias dos inibidores SGLT2 em doentes com doença renal crónica e cardiovascular. “Está comprovada a eficácia destes fármacos no prognóstico e até na melhoria da qualidade de vida”, realçou Susana Heitor.

A internista defendeu assim que “este tratamento deve ser obrigatório, mesmo para os doentes que já tenham taxas de filtração glomerular abaixo de 60 ml/mn/m2”, explicando que não é necessário haver quaisquer receios por parte dos clínicos:

“O que se sabia até ao momento é que deveriam ser prescritos apenas a quem apresentava esses valores; contudo, ficou claro que é precisamente em quem apresenta compromisso da função renal que existem vantagens.  Não se obtém uma ação antidiabética, mas mantém-se o seu potencial benefício reno-cardiovascular.”

A internista do Hospital Fernando da Fonseca, que se dedica à Diabetologia há alguns anos, alertou para o “aumento gritante” de doentes com diabetes e com comorbilidades renais e cardíacas nesta fase de retoma da atividade habitual nos hospitais, sendo importante, “mais que nunca, estar a par desta atualização”.

A médica fez mesmo questão de sublinhar a necessidade de agora serem redobrados esforços: “Com a pandemia tivemos que nos focar na covid-19, por isso temos que apostar na melhoria dos cuidados que influenciam a qualidade de vida destas pessoas. Isso é fundamental!”

Consultas multidisciplinares com internista a liderar

Outro tema em debate foi a criação de consultas multidisciplinares da diabetes, nas quais internistas, cardiologistas e nefrologistas, entre outros, definem a terapêutica mais adequada. “Sempre se trabalhou em equipa na Diabetologia, mas falta haver este tipo de consultas, onde se evita que o doente se desloque de especialidade em especialidade”, comentou Susana Heitor.

Na sua perspetiva, é preciso avançar com novos modelos de funcionamento, mais centrados nas necessidades dos utentes. “O desafio é que cada um pense no que pode fazer no seu hospital para que estas consultas multidisciplinares sejam uma realidade.”

E, tendo em atenção que a Medicina Interna “vê o doente como um todo”, faz sentido, na sua opinião, que o internista seja aquele que lidera estas consultas.

Na reunião contou-se com a presença de 90 participantes e foram visíveis as saudades de poder estar com os colegas sem ser à distância. “Os eventos online foram importantes e o mundo digital permite-nos ter contacto com ferramentas importantes, mas não há nada como podermos ver os olhos uns dos outros”, concluiu a responsável.

Podem ser consultadas mais fotos do Simpósio AQUI.

In JustNews
(07/06/2021)