Envelhecimento: encontrar respostas para «viver mais, mas com maior qualidade»
O amplo debate que a Associação Amigos da Grande Idade vai realizar, dentro de dias, em Carnaxide, é marcado pela “riqueza da diversidade de oradores”. Na área da Medicina, João Gorjão Clara, coordenador do Núcleo de Estudos de Geriatria da Sociedade Portuguesa de Medicina Interna (SPMI), será um dos intervenientes. Para o internista e cardiologista, “é preciso estarmos atentos aos grandes avanços que melhoram a mobilidade e a qualidade de vida dos doentes geriátricos”.
Em declarações à Just News, o especialista sublinha que “o envelhecimento modifica as manifestações clássicas das doenças, condiciona as opções terapêuticas, altera a definição prognóstica.”
Refere anda que “é hoje bem conhecido que os idosos doentes diferem muitas vezes dos doentes adultos não idosos, pelas manifestações das doenças e descaracterização dos quadros clínicos definidos nos grandes tratados de Medicina Interna.”
“A idade não define o que é um doente geriátrico”
Questionado sobre se persiste a ideia geral de que os cuidados geriátricos são para toda a população com 65 ou mais anos, João Gorjão Clara confirma e adverte que, “na realidade, essa é uma ideia pré-concebida que tem posto em causa também a progressão destes cuidados”.
Na sua opinião, “todos os doentes idosos exigem que se conheçam as particularidades que o envelhecimento inexoravelmente provoca e que condiciona a intervenção dos profissionais de saúde. Mas os pacientes geriátricos, os doentes com indicação para internamento nas unidades de Geriatria são apenas cerca de 15% dos idosos que se encontram no Internamento.”
E sublinha: “São pessoas com várias comorbilidades, múltiplos défices funcionais e orgânicos, frágeis, muito complexos… Logo, não são todos os doentes idosos. A idade não define o que é um doente geriátrico”.
Congresso Nacional da Grande Idade: “diversidade de oradores”
São vários os médicos, investigadores, docentes e outros profissionais de várias áreas da saúde que vão participar no II Congresso Nacional da Grande Idade. O programa contempla, assim, a realização de mesas redondas como “Envelhecimento e investigação”, “Somos capazes de descobrir um caminho mais realizado para envelhecermos?” ou “As respostas sociais que temos são suficientes?”.
Contudo, a “diversidade de oradores” do II Congresso Nacional da Grande Idade é ainda mais ampla. Realiza-se, nomeadamente, um painel sobre “Como vêem os cidadãos informados o envelhecimento e as respostas sociais existentes”. Nesta sessão será dada a perspetiva do jogador profissional de futebol, do ator, do jornalista, do escritor, do advogado, do arquiteto e do gestor de equipamentos sociais.
O evento termina com uma intervenção de Rui Fontes, enfermeiro e presidente da Associação Amigos da Grande Idade. O responsável irá convidar os participantes a refletir sobre o futuro, proferindo uma palestra intitulada: “E agora? Fica tudo na mesma?”.
O programa pode ser consultado aqui.
(25/06/2017)