Da Inteligência Emocional à Inteligência Artificial no Serviço de Urgência
Inteligência Artificial versus Inteligência Emocional: Qual triunfará na Medicina do Futuro?
“Quando pensamos no futuro próximo, antecipamos uma evolução tecnológica sem precedentes, que implicará mudanças no modelo organizativo do Sistema de Saúde e, consequentemente, dos hospitais. Simultaneamente, teremos de nos preparar para lidar com uma população cada vez mais idosa, com elevada carga/complexidade da doença e necessidades acrescidas de cuidados de saúde”, afirmou Maria João Lobão, na sessão “Da Inteligência Emocional à Inteligência Artificial no Serviço de Urgência”, em que trouxe para cima da mesa, o tema “A importância da inteligência emocional na urgência do Futuro”, que decorreu na manhã de sábado.
E continuou “os doentes no futuro terão acesso rápido e generalizado à informação, serão exigentes em relação aos cuidados de saúde prestados, nomeadamente no que respeita ao seu envolvimento no processo de decisão.”
Lembrou que as ferramentas do futuro, fruto da evolução tecnológica, não nos capacitam de uma valência essencial: a de cuidar, tão importante para o exercício da medicina. “Apesar da evolução tecnológica nos munir de ferramentas que nos permitirão melhorar a nossa acuidade de diagnóstico e terapêutica, otimizando a prática médica, na sua dimensão, a de tratar, não poderemos negligenciar a dimensão do cuidar tão cara aos internistas”, terminou.
“O desenvolvimento de competências no âmbito da Inteligência Emocional, que tem tido pouco relevo na formação médica pré e pós-graduada, poderá constituir-se como ferramenta fundamental, aos médicos no geral, e internistas em particular, para melhoria da nossa atividade nessa dimensão fundamental que coloca o doente, e não a doença, no centro da nossa atividade clínica”, assegurou a internista.
Maria João Lobão concluiu a sua apresentação, ressalvando a importância da Inteligência Emocional, em contexto de urgência, que considera ser uma competência de utilidade inequívoca para o exercício da atividade dos internistas, que deve ser desenvolvida ao longo da vida profissional, para melhor cuidar dos doentes que, um dia, escolheram servir.
Naquela que, muitos, julgam ser o início de uma nova Era para a medicina, fruto do advento da Inteligência Artificial, Paulo Novais, investigador e coordenador do CST, lançou “estaremos nós a criar uma nova medicina?”.
A complexidade da pergunta leva a que ainda não existam respostas objetivas. Contudo, o investigador salientou “que os profissionais de saúde deverão adquirir conhecimentos básicos sobre como um sistema de IA funciona em um ambiente médico, a fim de compreender como essas soluções podem ajudá-los no seu trabalho diário.”
Paulo Novais, alertou ainda para a importância da mudança de paradigma na formação médica. Se há 50 anos, a medicina era centrada na doença. Atualmente, tem de ser centrada no paciente. “Não podemos continuar a formar médicos para uma medicina do século XX”, completou.
Em tom de despedida, lembrou que é preciso criar empatia e cuidar verdadeiramente do paciente e, em simultâneo, usar sistemas de Inteligência Artificial. “Só assim se conseguirá alcançar uma medicina mais personalizada”, garantiu.
“Da Inteligência Emocional à Inteligência Artificial no Serviço de Urgência”, contou com a presidência de Maria Luz Brazão, diretora do Serviço de Medicina Interna do SESARAM – EPE e com a moderação de Jorge Teixeira, coordenador do Serviço de Urgência do Hospital de Braga.