Curso alerta especialistas de Medicina Interna para a importância da Dor Crónica
Cerca de trinta internos de todo o país estiveram presentes no Curso de Dor Crónica organizado pelo Núcleo de Estudos de Formação em Medicina Interna (NEForMI), da Sociedade Portuguesa de Medicina Interna (SPMI), no Seminário do Vilar, no Porto. Nos dois dias de formação houve espaço para uma componente teórica, mas também para o debate em torno de casos clínicos reais que possibilitaram uma aprendizagem mais próxima daquela que os internistas vivem nos hospitais.
Paulo Reis Pina, especialista em Medicina Interna e pós-graduado em Medicina da Dor e Geriatria, foi o formador de mais uma edição deste curso e frisou a ligação íntima que a Medicina Interna tem com a dor crónica enquanto doença.
“A Medicina Interna segue doentes crónicos ao longo de anos e por isso deve ser a especialidade de referência no tratamento da dor, pois a maioria dos seus doentes são idosos, polimedicados, com multimorbilidades, e a dor está presente em todos estes casos”, começou por dizer o especialista, que sensibilizou os jovens médicos para a necessidade de colocar a dor como um ponto fundamental do tratamento do doente.
“Para além de diagnosticar, a Medicina Interna tem como objetivo controlar sintomas e que os doentes vivam com mais qualidade. Logo, uma vez que a Medicina Interna dá apoio a vários setores do hospital e à própria urgência, o internista tem de tratar a dor por tu, diagnosticá-la e deve saber como tratá-la”, afirmou Paulo Reis Pina, salientando ainda que do conjunto de sintomas que afetam o ser humano, “a dor é a ponta do iceberg, é o lado mais visível, e por isso faz todo o sentido o internista saber deste tema”.
O curso permitiu aos internos presentes passarem a ter maior facilidade em diagnosticar as diferentes síndromes dolorosas e, depois de uma boa avaliação, traçar todo o plano estratégico de tratamento, tendo o doente como parceiro.
Já sobre o cenário da dor crónica em Portugal, Paulo Reis Pina assume ter uma visão disruptiva e bastante crítica.
“A dor crónica em Portugal é uma doença que está presente nos nossos doentes, mas tem pouca visibilidade no sistema. É uma doença esquecida, que se banalizou por estar tão presente, sobretudo nos idosos. Por isso, espero que os internistas passem a olhar para a dor não como sendo a norma, mas como um fenómeno patológico que ameaça a integridade do ser humano”, concluiu.
(09/04/2018)