Congresso do NEDVC celebra a 20ª edição com aposta na multidisciplinariedade
Como é já tradição, o Núcleo de Estudos de Doença Vascular Cerebral (NEDVC) da Sociedade Portuguesa de Medicina Interna (SPMI) realizou o seu Congresso Nacional no final do mês de novembro. Este ano, em que celebrou 20 edições, a aposta passou por abordar as condições de escolha e de implementação da terapêutica, trazendo até ao Porto especialistas de várias áreas numa clara aposta na multisciplinariedade.
Luísa Fonseca, coordenadora do NEDVC, explicou isso mesmo, reiterando que o trabalho conjunto das várias especialidades tem apenas um beneficiado: o doente:
“Neste congresso estão presentes neurologistas, neuroradiologistas, neurocirurgiões, a Medicina Física e de Reabilitação, enfermeiros, pois acreditamos que o tratamento do doente com AVC deve reunir o saber de todas estas especialidades de maneira a conseguirmos melhor tratar e orientar o doente com AVC”, afirmou a internista.
Comissão organizadora do 20.º Congresso Nacional do NEDVC junto à imagem que marcará a 21.ª edição, a realizar em 2020
Quanto aos 20 anos do congresso, Luísa Fonseca diz-se feliz pela data “redonda” mas prefere destacar o crescimento de ano para ano da reunião.
“Além da data é importante a cada vez maior preocupação de todos os colegas em assistir a comunicações sobre este tema, como se fazem os procedimentos, as novidades e como melhor tratar o doente com AVC. Esse é o segredo do sucesso da reunião”, confia a médica, que no futuro quer ver resolvidas algumas questões que rodeiam o AVC e ainda estão por solucionar.
“É muito importante aumentar as unidade de AVC, sobretudo nos hospitais periféricos, que necessitam dessa estrutura para ter 90% dos doentes com AVC internados nesse tipo de unidade, o que está longe de acontecer”, lembra a especialista, avançando que também é preciso melhorar a relação entre os hospitais, nomeadamente na transferência dos doentes de uma unidade para outra.
MFR, Neurologia e SPAVC presentes
Entre as personalidades que estiveram na sessão de abertura do 20.º Congresso Nacional do NEDVC, destaque para Ana Alves, da Sociedade Portuguesa de Medicina Física e Reabilitação, Manuel Correia, da Sociedade Portuguesa de Neurologia e José Castro Lopes, da Sociedade Portuguesa do Acidente Vascular Cerebral (SPAVC), que destacou a importância desta reunião na formação dos especialistas.
Ana Alves, Luísa Fonseca, Castro Lopes, António Oliveira e Silva, Dalila Veiga e Manuel Correia
“Esta ação de formação é importante e, em conjunto com as demais, complementa a abordagem terapêutica a esta patologia e contribui para o enriquecimento do saber nesta área. É importante que continuemos a divulgar que a ciência encefálica existe, pode e deve ser ouvida”, sublinhou o especialista.
Já Dalila Veiga, presente na sessão de abertura em representação da Ordem dos Médicos, destacou a excelência de cuidados prestados.
“O atual estado do AVC em Portugal é prova da excelência e dedicação de cada uma dos especialistas aqui presente, o que se reverte de especial importância num momento de desinvestimento no SNS e em que os resultados só se conseguem com o esforço e empenho de cada um de vós”, considerou.
Por fim, António Oliveira e Silva, vice presidente da SPMI, elogiou o trabalho do NEDVC.
“O desenvolvimento e trabalho dos núcleos de estudo é fundamental para a Medicina Interna e para a sociedade, numa especialidade que se quer abrangente mas também profunda”, começou por vincar o internista, que realçou o trabalho conjunto das várias especialidades em prol da saúde do doente.
“Deve destacar-se o debate deste tema de forma global, com a presença de todos os especialistas que trabalham neste campo. A SPMI tem uma perspetiva inclusiva sobre estas questões e está interessada em trabalhar com toda a gente na discussão dos problemas dos nossos doentes”, terminou.
Nos dois dias de reunião estiveram em destaque temas como a via verde do AVC e chegada dos doentes à urgência, a reabilitação depois do AVC, as dificuldades na terapêutica de reperfusão, a hemorragia cerebral e novidades nessa área, a doença de grandes vasos não aterosclerótica, e a prevenção secundária, com foco na diabetes, insuficiência cardíaca e dislipidemia.
(30/11/2019)