COMUNICADO DO NEUrgMI sobre a COVID-19
A COVID-19 é uma doença emergente, conhecida desde há poucos meses, causada pelo novo coronavírus SARS-CoV-2, pelo que todo o conhecimento que temos sobre ela reside sobretudo na experiência de vida real dos vários países que têm sido vítimas desta pandemia, nomeadamente da China e da Itália. Apesar disto, neste pouco tempo, tem sido impressionante o avolumar de artigos científicos sobre a epidemiologia, o diagnóstico e o tratamento desta nova doença.
Sabe-se que 80% da população terá sintomas ligeiros, estando preconizado a quarentena em casa, sob medidas de alívio de sintomas, nomeadamente paracetamol para a febre, descanso, reforço hídrico.
Sabe-se que 15% da população terá sintomas moderados a graves. Irão precisar de internamento Hospitalar. Nesse subgrupo encontram-se os doentes com várias comorbilidades. O papel do Internista será fundamental na optimização terapêutica.
Sabe-se que 5% da população irá evoluir de forma mais grave, necessitando de admissão em Unidade de Cuidados Intensivos (a Sociedade de Cuidados Intensivos emitiu uma série de recomendações e orientações terapêuticas).
Actualmente os fármacos utilizados são off-label. Tratando-se de um vírus novo, ainda estamos todos numa fase de intensa investigação. Estudos robustos e sólidos serão necessários (a Norma 04/2020 de 23.03.2020 da DGS apresenta uma tabela com esquema terapêutico). Existem vários algoritmos terapêuticos, talvez não muito diferentes entre si, mas não validados.
Como todas as doenças agudas, a porta de entrada destes doentes será o Serviço de Urgência dos nossos Hospitais, pelo que o NEUrgMI não podia deixar de se manifestar junto dos internistas que estão neste momento na linha da frente no combate a este agente invisível (nos SUs, nas enfermarias, nos internamentos COVID-dedicados, nas UCIs).
Muitas já foram as orientações e normas emanadas pela DGS consoante a evolução da doença, desde a sua fase inicial, passando pela fase de epidemia até à de pandemia; desde a fase de contenção até à actual fase de mitigação.
Consideramos essencial para todos os internistas que trabalham no SU no cuidado a estes doentes:
– acesso a informação crucial e permanente por parte das instituições e da tutela;
– possibilidade de protecção individual adequada (vidé norma 13/2020 de 21.03.2020 da DGS);
– possibilidade de trabalhar em SUs com adequada definição de circuitos (desde o ADC à alta para domicílio ou ao internamento), tal como define a Norma 04/2020 de 23.03.2020 da DGS.
Se pensarmos que estamos perante uma maratona, temos um longo caminho pela frente.
Esperamos que o conhecimento e as medidas adoptadas (nomeadamente o isolamento social) aplanem a curva de incidência de novos casos de forma a que o SNS e os nossos Hospitais consigam dar resposta.
A resposta que o Serviço de Urgência terá que dar é um desafio enorme para todos.
Coordenadora do Núcleo de Estudos de Urgência e do Doente Agudo
Maria da Luz Brazão