9.ª Reunião Temática do NEDM: “Sem equilibrar a organização não existe uma eficaz gestão da doença”
A 9.ª Reunião Temática do Núcleo de Estudos da Diabetes Mellitus (NEDM) da Sociedade Portuguesa de Medicina Interna (SPMI) decorre no dia 27 de maio, em Peniche, com especial destaque nos fatores gestão organizacional e gestão da doença. Estevão Pape, coordenador do NEDM, revelou a importância dos conteúdos previstos na iniciativa, tanto para os profissionais do sistema público de saúde, como para os serviços privados.
“Normalmente, os temas são de base clínica ou científica, mas este ano decidimos adotar outra perspetiva sobre um tema da atualidade”, começou por revelar o especialista. “Num momento em que tanto se aborda a reorganização do Serviço Nacional de Saúde (SNS), nós ousamos levar a efeito uma reunião sobre um tema de organização e gestão, quer da doença da diabetes, quer da assistência da diabetes, ou seja, das consultas, das entidades, dos grupos e equipas que tratam as pessoas com esta doença”.
O profissional de saúde destacou ainda que esta necessidade de organização conveniente, com vista a criar uma rede de qualidade para os diabéticos de Norte a Sul do país, deve manifestar-se nas várias tipologias de serviços, nomeadamente através de centros de responsabilidade integrados e Unidades de Saúde Familiar (USF) modelo B mais ativas, maior integração de cuidados e criação de estruturas organizadas dentro dos hospitais (públicos e privados).
Deste modo, o médico internista salientou o objetivo de fomentar um momento reflexivo sobre este tema, que envolva um vasto leque de temas e conferencistas de alto nível, incluindo gestores de topo e pensadores de liderança do sistema de saúde português, na vertente privada e pública, e membros da direção de grandes laboratórios.
“Sem equilibrar a organização não existe uma eficaz gestão da doença. Não basta ter novos fármacos, novas realidades, novos tratamentos, novas maneiras de educação terapêutica. Se não há equipas organizadas não basta ter fármacos modernos e eficazes. É preciso estarmos organizados em equipas multidisciplinares. É um passo importante para que lancemos o debate que até agora não tem sido lançado especificamente a nível da diabetes”, sublinhou Estevão Pape.
De uma forma arrojada, a manhã do encontro será iniciada com a contextualização da atualidade da diabetes em Portugal, que se caracteriza por um panorama onde são realizadas 12 milhões de consultas anuais no sistema público e 8 milhões no sistema privado, seguindo-se de uma perspetiva puramente organizacional. “Cerca de 12% dos portugueses são diabéticos e dentro de um ano serão 15%. A hospitalização de doentes diabéticos tem uma expressão muito grande. Nos serviços de Medicina Interna os diabéticos representam 30% dos internamentos”.
Haverá ainda espaço para abordar a chegada do mundo digital e o que significa para a gestão da assistência aos diabéticos, assim como o papel da indústria farmacêutica na problemática a ser tratada.
Por último, será dinamizado um momento dedicado à dualidade Medicina Privada e SNS e a conferência de encerramento, com a presença do Secretário de Estado da Saúde, Dr. Ricardo Mestre, que permitirá focar na restruturação do SNS e na organização de equipas, passando por temáticas como o papel das Unidades Locais de Saúde (ULS) e o fim das Administrações Regionais de Saúde (ARS). “É o empowerment final desta reunião. Um momento de ligação à própria tutela. Isto é importante para quem trabalha todos os dias no SNS e fora dele”, finalizou o coordenador.
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(26/05/2023)