9.ª Reunião Temática do NEDM: organização e gestão da diabetes em debate

O Núcleo de Estudos da Diabetes Mellitus (NEDM) da Sociedade Portuguesa de Medicina Interna (SPMI) realizou a sua 9.ª Reunião Temática no dia 27 de maio, em Peniche. Esta reunião foi focada na organização e gestão, quer da diabetes, quer da assistência da diabetes, nomeadamente as consultas, as entidades e os grupos e equipas que tratam as pessoas com esta doença.

“É preciso organizar e gerir a diabetes de outra maneira”, começou por dizer Estevão Pape, coordenador do NEDM na sessão de abertura. Susana Heitor acrescentou que o principal desafio desta reunião é “olhar para tudo o que temos e tudo o que somos e como podemos melhorar, como trazer para o terreno o que faz falta”. Por outro lado, Joana Louro referiu que “o objetivo do NEDM nunca foi encher as salas. Foi trazer as pessoas certas à conversa. Queremos trazer mais saúde aos doentes e para isso precisamos de nos organizar e estabelecer parcerias com stakeholders”.

A primeira sessão, “Snapshot da diabetes em 2023”, foi debatida por Sónia do Vale, onde percorreu de forma detalhada o panorama da diabetes no mundo e em Portugal, nomeadamente a assistência ao nível dos cuidados primários, os novos casos de diabetes registados e a mortalidade por diabetes. Além disso, abordou ainda os custos identificados da patologia. Por fim, apresentou alguns projetos e atividades que têm contribuído para a promoção da literacia em saúde.

“Os indicadores pioraram muito na pandemia e para melhorar temos de nos organizar melhor”, concluiu.

“Gestão da doença (Passaporte Digital)” foi a temática seguinte, que contou com a participação da palestrante Filipa Fixe e com a moderação de Alexandra Vaz. A oradora apontou as inúmeras vantagens da tecnologia na gestão da diabetes, no entanto, salientou que deve ser tirado um maior proveito deste mundo digital. Apresentou como é que as tecnologias vão transformar a sociedade, entre elas o “homespital”, as casas de banho inteligentes, os comprimidos inteligentes e os “brain pace-makers”. “O fundamental que exista interporabilidade em saúde, ou seja, capacidade de os sistemas de informação na saúde trabalharem em conjunto, quer no interior das organizações, quer cruzando fronteiras organizacionais, no apoio a uma eficaz prestação de cuidados de saúde”, terminou.

De seguida, foi trazido a debate o papel determinante da indústria farmacêutica na gestão organizacional da diabetes, que contou com a participação de Eva Lau, da Lilly; Carla Gonçalves, da Bayer; e Paula Barriga, da Novo Nordisk.

A segunda parte da manhã teve início com a “Gestão organizacional – Modelos organizacionais na diabetes”, tema moderado por Pedro Cunha, e que teve como intervenientes Hugo Martins e Luís Campos. Hugo Martins falou da conceptualização de CRI´s e Luís Campos dos modelos organizacionais alternativos hospitalares.

O último tema abordado da reunião foi “À conversa com a gestão – Pública & Privada”, com os palestrantes Filipa Serra e José Caiado, que permitiu uma troca de conhecimento e partilha de ideias muito interativa. Esta mesa-redonda teve como objetivo destacar os caminhos em comum entre os dois setores, público e privado, para que juntos tragam mais-valias à gestão da diabetes.

Para terminar, a conferência de encerramento da 9.ª Reunião Temática do NEDM ficou a cargo de Ricardo Mestre, Secretário de Estado da Saúde.

“Assisti a uma discussão muito rica. Temos uma prioridade que é continuar a investir na melhoria da qualidade de vida das pessoas e isso implica gerir melhor as doenças crónicas. É preciso reforçar a promoção da saúde. Temos, de facto, desafios muito grandes relacionados com a evolução das necessidades das pessoas e desafios com a forma de organização num contexto em que os recursos são escassos. A saúde tem, de forma muito mais presente, uma grande relevância”, disse Ricardo Mestre, concordando que é preciso reorganizar o Serviço Nacional de Saúde. “Como é que reformulamos este Serviço? É definindo uma estratégia, um caminho, uma visão, contando com as pessoas que fazem este Serviço. Temos de ter elementos de estratificação dos riscos, sistemas de informação, incentivos aos profissionais de saúde e modelos de organização e prestação”, explicou.

O Secretário de Estado da Saúde terminou dizendo que “estamos todos juntos neste processo que temos em curso”.

(29/05/2023)