5.ª Reunião do NEGERMI e a revolução dos paradigmas na Geriatria
A 5.ª Reunião do Núcleo de Estudos de Geriatria (NEGERMI), que decorreu nos dias 10 e 11 de novembro, em Peniche, traz a debate novos temas na Geriatria, de natureza médica, psicossocial e ética, além de tópicos abordados em reuniões anteriores que serão revistos e atualizados devido à sua importância no tratamento da pessoa idosa.
“É com grande satisfação que retornamos às reuniões presenciais. Termos uma reunião presencial é ainda mais importante em áreas médicas que estão subdesenvolvidas, como é o caso da Geriatria. Haver a possibilidade de nos juntarmos, partilharmos experiências e respostas às nossas dúvidas e gerar um networking é uma mais-valia”, começou por dizer Sofia Duque, coordenadora do NEGERMI e presidente desta reunião.
“A Geriatria não deve ser um luxo e só chegar a uma franja da população idosa. Para termos cuidados dignos de um país civilizado precisamos que seja estrutural no SNS e que se torne a Geriatria um direito universal dos nossos idosos, como acontece nos outros países desenvolvidos da Europa. Precisamos de apoio das várias entidades competentes, como os decisores políticos e o Ministério da Saúde, para tornar as Consultas de Geriatria e Unidades de Internamento de Geriatria transversais a todos os hospitais, como acontece por exemplo com a Hospitalização Domiciliária”, alertou.
Aproveitou a ocasião para referir que “a Geriatria se faz através da multidisciplinariedade e do papel imprescindível de todos os profissionais de saúde. Deve ser um direito básico, que não só melhora a qualidade e a dignidade da vida como poupa recursos económicos”.
Em concordância, Isabel Fonseca, vice-presidente da SPMI, referiu que “ainda há muito para fazer para que a Geriatria cresça, ainda estamos muito longe”, acrescentando que “os núcleos da sociedade têm sido a grande evolução da SPMI. Um dos interesses que a Medicina Interna é abranger muitos interesses, um deles é a Geriatria”.
Por seu lado, Manuel Teixeira Veríssimo, presidente do Colégio da Competência de Geriatria da OM, demonstrou o interesse que tem pela área da Geriatria, dando o seu ponto de vista em relação ao estado desta especialidade em Portugal.
“Esta competência tem feito o seu papel. Temos neste momento perto de 100 pessoas com competência em Geriatria, têm competência na área teórica e pratica. O que eu peço é que os médicos tenham mais possibilidade de se formarem. O problema aqui é que, formação teórica ainda existe, mas depois temos uma grande dificuldade na área pratica. Aí é que eu esperava, que houvesse mais unidades de Geriatria em Portugal. Pelo menos os grandes hospitais deveriam ter uma unidade de Geriatria”, disse.
Sofia Duque esclareceu também o objetivo da reunião, que assenta na fomentação da “abordagem global da pessoa idosa, tanto no hospital como na comunidade e instituições”. Referiu que este propósito contribui para a aproximação dos vários profissionais de saúde que cuidam de idosos e, consequentemente, na melhoria dos cuidados de saúde desta faixa etária, potenciando fatores como a autonomia e bem-estar.
Além disso, foi entregue a 1.ª bolsa NEGERMI para estágios clínicos em Geriatria a Marília Fernandes, que se encontra atualmente a realizar o estágio em Florença.
“Entendemos que para haver formação de qualidade e podermos aplicar os modelos clínicos de Geriatria é necessário que haja formação clínica e prática, portanto, tendo em conta esta necessidade, considerámos que era importante desenvolver esta bolsa, que desse um apoio monetário a quem fosse realizar um estágio em Geriatria. A verdade é que existe uma falta de respostas clínicas especializadas em Portugal”, explicou Sofia Duque.
O júri foi constituído por Sofia Duque, Hélder Esperto e Isabel Fonseca.
(12/11/2022)