2ª Reunião do NEDRESP marcada pela sintonia entre a MI, Infecciologia, Pneumologia e MGF

O Núcleo de Estudos de Doenças Respiratória (NEDRESP) da Sociedade Portuguesa de Medicina Interna (SPMI) organizou a segunda reunião anual desde a sua criação, desta vez subordinada ao tema “Infeções Respiratórias” e centrada no tratamento integrado de qualidade do doente respiratório

Depois da Sertã, este ano a reunião do NEDRESP teve lugar no Porto e Alfredo Martins, coordenador do NEDRESP, sublinhou que se manteve “a qualidade e dinâmica” do evento do ano passado.

O internista explicou que é importante para a Medicina Interna estabelecer pontes com as especialidades com quem trabalha diariamente nos hospitais e que essa realidade foi trazida para a organização dos temas escolhidos para discussão.

“Pretendemos com esta reunião estabelecer relações com outras sociedades médicas. Fazemo-lo sempre com a MGF e com a Pneumologia, e este ano decidimos dar especial ênfase à Infecciologia”, explicou o especialista, acrescentando que a Medicina Interna procura ter um papel central no tratamento das doenças do foro respiratório.

“As especialidades não chegam para atender todos os doentes e por isso a Medicina Interna tem de se estender pelo campo dessas especialidades. Além disso, os internistas estão cada vez mais capacitados nesta área e é essa também a razão de ser do núcleo”, concluiu.

Pedro Leuschner, presidente da 2.ª reunião anual do NEDRESP, e Alfredo Martins, coordenador do NEDRESP

João Araújo Correia, Presidente da SPMI, elogiou o dinamismo do NEDRESP, pese embora ter apenas dois anos de vida, e destacou a importância das doenças respiratórias no seio da Medicina Interna.

“As doenças respiratórias, principalmente as obstrutivas, estão no topo dos principais diagnósticos nos serviços de Medicina Interna e por isso é urgente que os internistas se possam afirmar no tratamento e seguimento destes doentes. A formação do NEDRESP favorece a agregação dos internistas que têm um especial interesse nesta área de conhecimento”, considerou João Araújo Correia.

“Os doentes respiratórios crónicos são complexos, têm normalmente mais de três doenças, múltiplos internamentos hospitalares e várias idas à urgência. Neste contexto, a Medicina Interna deve estar na base de todas as soluções pensadas para dar a resposta de tratamento integrado que estes doentes necessitam”, disse o presidente da SPMI, lembrando ainda que “as alterações climáticas também já estão a determinar o aumento exponencial das doenças respiratórias” e que tem a esperança de que o NEDRESP venha a tornar-se numa voz respeitada, que os decisores políticos vejam como um parceiro que tem de ser ouvido no tratamento, prevenção e informação das populações.

Também presente na sessão de abertura desta segunda reunião anual do NEDRESP, Armando Carvalho, presidente do Colégio de Medicina Interna, realçou que é extremamente importante o papel da SPMI e dos seus núcleos na formação dos internistas, assim como é importante a especialidade estar num papel central de coordenação com a MGF e outras especialidades.

“Para que a Medicina Interna seja valorizada é muito importante que se destaque pela qualidade daquilo que faz, fundamentalmente do ponto de vista científico. É desta diferenciação que pode também advir a nossa valorização enquanto especialidade”, aconselhou o especialista, lembrando que esta é uma área fundamental na ação dos internistas, que são “seguramente a especialidade que mais doentes com patologia respiratória trata”.

Entre os temas em análise no Salão Nobre do ICBAS, no Porto, estiveram o tema da prevenção da infeção respiratória, a vacinação antigripal, infeção das vias áreas e bronquite aguda, o uso criterioso dos antibióticos, e alguns dados epidemiológicos da pneumonia em Portugal. Foram ainda abordadas as micobacterioses, com a discussão aprofundada dos problemas que essas infeções colocam, no diagnóstico e na terapêutica. É também de realçar a apresentação de excelentes trabalhos em forma de posters, que mereceram a atribuição de 3 prémios.

Foi ainda dado pela 1ª vez o “Prémio Dr. Carlos Soares de Sousa”, recordado como exemplo de internista insigne e homem de cultura, que tinha um gosto essencial pelas Doenças Respiratórias. O elogio da sua figura foi feito com alguma emoção por João Araújo Correia, que recordou os cargos de relevo que assumiu na sua vida, como diretor do Serviço de Medicina Interna no Hospital de Santo António e como presidente da SPMI.

(28/10/2019)