25.º CNMI fecha portas e marca regresso para Braga
Chegou ao fim o 25.º Congresso Nacional de Medicina Interna (CNMI), que nos últimos quatro dias trouxe ao Algarve milhares de especialistas para uma discussão em torno dos temas mais atuais da Medicina.
Uma edição marcada pelo sucesso e elevada afluência, encerrada por uma cerimónia onde foram desvendados alguns pormenores da próxima edição, que terá lugar em Braga, entre os dias 21 e 24 de maio, como anunciou Narciso Oliveira, presidente do próximo congresso.
Narciso Oliveira, João Araújo Correia e Armando Carvalho
“É um desafio e, simultaneamente, uma alegria organizar o Congresso de Medicina Interna e ter a oportunidade de o fazer em Braga, a minha cidade. É uma responsabilidade grande, mas o Serviço está contente e motivado para organizar o maior evento nacional da Medicina Interna, pelo qual vamos obviamente dar o nosso melhor”, disse o internista, que revelou ainda que o lema da reunião de 2020 será “Degrau a degrau para construir o futuro”.
Armando Carvalho, que presidiu o congresso deste ano, passou o testemunho a Braga, desejando que, em prol da Medicina Interna, “façam melhor” do que a organização a que presidiu. Quanto à edição deste ano, o médico mostrou-se realizado por ter levado a cabo o desafio de organizar o congresso, do qual fez uma balanço “profundamente positivo”.
“Trabalhamos pouco mais de um ano para organizar o congresso e, agora que chega ao fim, achamos que conseguimos atingir quase todos os objetivos que queríamos, nomeadamente um congresso com boa qualidade científica, elevada participação e aposta na produção da Medicina Interna.”
Pessoalmente, Armando Carvalho considerou “uma honra” assumir o cargo de presidente e sublinhou que o principal benefício deste projeto foi a união fortalecida no seio do Serviço de Medicina Interna do CHUC.
“Trabalhar por um objetivo ajuda a desenvolver laços e essa é também uma mensagem para o exterior, porque unidos conseguimos passar outra mensagem para fora e, inevitavelmente, para os nossos doentes. O lema que criámos, “A Medicina Interna no centro da decisão”, foi algo que esteve sempre presente na mente de todos os congressistas, que julgo que saem daqui com a convicção de que, de facto, temos de trabalhar para colocar a Medicina Interna no centro, como polo dinamizador da Saúde”, terminou.
Nas últimas palavras do congresso, o presidente da SPMI agradeceu a dedicação de todos os envolvidos, congratulou-se pelo trabalho feito pela Medicina Interna durante quatro dias e elogiou os “momentos inesquecíveis” proporcionados pelo 25.º CNMI.
Estevão Pape distinguido como sócio honorário
Depois da decisão por unanimidade em Assembleia Geral, Estevão Pape foi hoje distinguido com o título de sócio honorário da SPMI. O médico internista, e que é também coordenador do Núcleo de Estudos da Diabetes Mellitus, mostrou-se honrado com a distinção e partilhou-a com o Serviço de Medicina em que trabalha, no Hospital Garcia de Orta.
“É uma honra ser sócio honorário da SPMI. É uma distinção que é fruto da organização do 24.º CNMI e que encaro sobretudo como uma distinção ao Serviço de Medicina Interna do Hospital Garcia de Orta, que organizou o congresso.”
A produção da Medicina Interna portuguesa
Antes do encerramento, na primeira sessão do dia, Matilde Rosa, matemática e especialista em Estatística, mostrou aos internistas a plataforma que está a desenvolver e que permite recolher dados da Medicina Interna e assim traçar um retrato mais fidedigno da especialidade em Portugal.
“É uma plataforma dinâmica, que permite cruzar múltiplas variáveis e assim perceber a produção da Medicina Interna, em particular dos internamentos no total dos internamentos em Portugal”, disse a especialista, acrescentando que o objetivo é perceber como é que a produção funciona, fazendo uma análise descritiva e, por outro lado, com modelos de machine learning, perceber variáveis que possam condicionar certos outcomes, como a mortalidade e as readmissões.
Matilde Rosa
Quanto a resultados, a matemática, que está a desenvolver este trabalho em colaboração estreita com o antigo presidente da SPMI Luís Campos, revelou que na análise preliminar que foi feita é já possível concluir que a produção da Medicina Interna “é bastante significativa no total da produção hospitalar em Portugal”.
A Medicina Interna na Universidade
Conhecer o papel da Medicina Interna no universo catedrático foi o objetivo de uma das últimas sessões do 25.º CNMI, onde estiveram presentes especialistas que passaram por um processo de doutoramento e revelaram os desafios por que passaram.
Inês Chora
Inês Chora, médica internista do Hospital Pedro Hispano, em Matosinhos, fez uma análise dos internistas que estão a lecionar nos cursos de Medicina pelo país e a conclusão é, na sua opinião, “preocupante”.
“Acreditamos que a Medicina Interna deve ter um papel muito preponderante no ensino, nomeadamente em alguma cadeiras base do curso. Contudo, a realidade portuguesa mostra que nas diferentes faculdades do país temos uma percentagem de internistas abaixo dos 10%, o que é de facto bastante pouco”, disse a especialista, que numa busca por justificações para uma taxa tão baixa avançou com a dificuldade em conjugar uma boa carreira académica com uma boa carreira clínica, o que, no caso dos internistas, “é ainda mais evidente devido ao intenso trabalho clínico que os internistas desenvolvem”, concluiu.
(26/05/2019)