NEDM reitera papel central dos internistas no tratamento da Diabetes
A 12.ª Reunião Anual do Núcleo de Estudos da Diabetes Mellitus (NEDM) decorreu este fim de semana nas Caldas da Rainha sob o lema “Diabetes Mellitus… O futuro aqui tão perto”. A reunião, que procurou reforçar o envolvimento dos internistas no tratamento desta doença, teve como temas centrais a diabetes e a autoimunidade, a diabetes e a gravidez, novos caminhos para o controlo glicémico, o papel da terapêutica tripla/quadrupla, sem esquecer o uso de novas tecnologias no tratamento e o impacto da doença nos doentes idosos.
Manuela Ricciulli, presidente da reunião, destacou “a lufada de ar fresco” que foi possível dar a este evento, numa referência aos muitos jovens que marcaram presença no Centro Cultural e de Congressos das Caldas da Rainha.
“Tivemos uma grande adesão, com muitas pessoas inscritas, trabalhos submetidos, palestrantes internacionais e palestrantes nacionais de renome. Além disso, conseguimos sobretudo atrair as camadas mais jovens, que era um dos nossos objetivos.”
Quanto ao tema em debate, a internista da Unidade Integrada de Diabetes do Centro Hospitalar do Oeste – Caldas da Rainha frisou que a Medicina Interna é uma pedra fundamental no combate ao adequado controlo da patologia.
“A diabetes é uma doença da Medicina Interna, com muitas comorbilidades e complicações, que exige uma abordagem de várias áreas do conhecimento que integram esta especialidade. Por isso é seguramente uma doença do internista”, concluiu.
Passagem de testemunho na direção do NEDM
O evento na zona Oeste marcou também a mudança na direção do NEDM. Depois de oito anos na liderança do núcleo, Álvaro Coelho passou o testemunho a Estevão Pape e confessou-se realizado com o trabalho executado.
“Faço um balanço muito positivo da nossa atividade. Estamos satisfeitos com o que fizemos e ansiosos pelos desafios que se adivinham”, afirmou o internista, que considerou que a continuidade é a chave para o trabalho de futuro.
“Trabalhámos oito anos para manter a união dos internistas em torno do interesse à assistência à população com diabetes. Julgo que alcançámos esse objetivo e a prova disso mesmo é a dimensão quantitativa e qualitativa desta reunião”, disse Álvaro Coelho, terminando com a garantia de que o papel do internista é cada vez mais fulcral no tratamento desta doença.
Na altura de assumir os destinos do NEDM, Estevão Pape realçou o trabalho que foi feito nos últimos anos, garantindo que é uma base sólida para os desafios do futuro.
“Queremos sensibilizar a Medicina Interna para a importância de tratar os doentes diabéticos. Haverá certamente internistas mais diferenciados nesta área, mas precisamos não só de motivação para a assistência, mas também para o campo da investigação científica”, sublinhou o médico, frisando que no seu entender “a Medicina Interna é o motor de toda o sistema nacional de saúde e tem assegurado grande parte da atividade assistencial” que a diabetes exige.
Reconhecendo este papel central dos internistas, Estevão Pape ressalvou que a construção de pontes com outras especialidades é o único modo de controlar esta pandemia.
“Muitos internos olham para a diabetes com uma área de subespecialização e essa é uma área que queremos apoiar, mas sem descriminar outras especialidades. Estamos disponíveis para criar os elos necessários para fazer face a esta doença que continua a progredir”, concluiu.
A fechar a reunião foram anunciados os vencedores do Prémio Jorge Caldeira e da Bolsa Helena Saldanha. O primeiro foi vencido ex aequo por Miguel Ardérius, com o trabalho “Variação da glicemia durante o exercício – o efeito do treino em jejum”, e Jorge Vaz Lourenço, com o trabalho “Autoimunidade em doentes com DM1: a realidade de um serviço de Medicina Interna”, cada um recebendo o valor de 2500€. A Bolsa Helena Saldanha, no valor de 5 mil euros, foi este ano atribuída a Jorge Pedro Gomes, do Serviço de Medicina Interna A do CHUC pelo trabalho “Microbioma e DM2 – desde as suas géneses às complicações”.
(23/10/2017)