Hospitalização domiciliária foi debatida nas SNS Jornadas Hospitalares

Numa ótica de descongestionar os serviços hospitalares e proporcionar melhores cuidados de saúde aos doentes, a hospitalização domiciliária foi um dos temas das “SNS Jornadas Hospitalares 2018”, ficando evidentes os ganhos que alguns projetos podem conseguir para o SNS e para a qualidade de vida dos doentes.

Francisca Delerue, internista do Hospital Garcia de Orta (HGO), em Almada, deu a conhecer um projeto que esta unidade está a levar a cabo junto dos doentes agudos, explicando que foram englobados nesta iniciativa doentes que tinham condições clinicas para poderem ser tratados no domicílio, apesar de inicialmente terem indicação para ficar no hospital.

Assente em cinco princípios fundamentais – igualdade de deveres e direitos do doente, equivalência de qualidade na prestação de cuidados, humanização dos serviços e valorização do papel da família, e rigor na admissão e seguimento do doente – , este projeto é um teste a desafios maiores e Francisca Delerue revelou o porquê desta apostas:

“É uma forma mais humanizada de desenvolvermos a nossa atividade, aproximando o hospital da comunidade. Os hospitais têm de abrir portas e sair para a rua, valorizando o papel da família”, explicou, lembrando que a hospitalização domiciliária em Espanha começou em 1981 e que é tempo de a implementar em Portugal.

“É uma solução que possibilita menos complicações relacionadas com o internamento hospitalar, uma mortalidade inferior, custos mais baixos do que o internamento hospitalar, uma demora média inferior, maior satisfação de doentes e família, mais tempo e mais dedicação ao doente por parte da equipa médica e de enfermagem, maior educação para a saúde, maior articulação com os cuidados de saúde primários e menor deterioração do estado funcional do doente”, resumiu.

SNS 24: Uma ferramenta preciosa

Como coordenadora dos Serviços Partilhados do Ministério da Saúde (SPMS), Micaela Monteiro, internista, esteve também presente nas “SNS Jornadas Hospitalares” para apresentar o serviço SNS 24, que este ano completa 20 anos.

“A gestão da doença aguda tem sido e ainda é o grande foco do SNS 24”, afirmou a especialista, que explicou que se trata de um serviço de integração com outros serviços de assistência ao cidadão.

“Acaba por ser um serviço complementar ao INEM, que está vocacionado para as situações de urgência. Os dois juntos cobrem toda a panóplia de situações de doença aguda num ambiente de pré cuidados assistenciais.”

Depois de revelar o volume astronómico de chamadas atendidas pelo SNS 24, cerca de 150 mil por mês, a internista sublinhou que o SNS tem grandes potencialidades, “inclusive de forma a perceber melhor o sistema e como ele funciona”.

“O sistema funciona com base num algoritmo que nos indica o destino do doente e como decorre todo o processo. Com estes dados é possível percebermos a oferta que temos a nível nacional e onde estão as falhas, nomeadamente ao nível dos cuidados de saúde primários (CSP)”, explicou Micaela Monteiro, concluindo:

“É uma ferramenta muito útil para a gestão da doença aguda. Relativamente à gestão da doença crónica, o SNS 24 pode ser um parceiro e deve ser um elo de ligação principalmente para os CSP, dando aporte no acompanhamento dos doentes com doença crónica, sempre em colaboração com os cuidados hospitalares”, terminou.

As “SNS Jornadas Hospitalares 2018” foram um encontro promovido pela Administração Central do Sistema de Saúde (ACSS), na Escola Superior de Tecnologia de Saúde, com o objetivo de promover o conhecimento e a partilha de boas práticas na área hospitalar.

(08/03/2018)